Mundo

Reportagem sobre tarifas reduzidas derruba dólar, mas Trump nega mudanças

Moeda americana cai até 1% após reportagens sobre tarifas focadas, mas recuperação ocorre após desmentido do presidente eleito

Reportagem sobre tarifas focadas gerou volatilidade no mercado financeiro, com quedas e recuperações no índice do dólar e rendimentos de títulos americanos. (Designed by/Freepik)

Reportagem sobre tarifas focadas gerou volatilidade no mercado financeiro, com quedas e recuperações no índice do dólar e rendimentos de títulos americanos. (Designed by/Freepik)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 06h07.

O dólar registrou queda significativa na segunda-feira, 6, após reportagens sugerirem que a próxima administração de Donald Trump pode adotar tarifas mais focadas em setores estratégicos, em vez de taxas universais amplas para todas as importações. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis moedas rivais, caiu até 1%, marcando a maior retração em um único dia desde agosto.

De acordo com a Business Insider, a especulação foi desencadeada por uma reportagem do Washington Post afirmando que a equipe de Trump estava revisando planos para impor tarifas "universais", mas apenas sobre importações consideradas críticas para a segurança nacional ou econômica. Entre os setores possivelmente afetados, estariam cadeias de suprimentos industriais, metais essenciais à defesa, suprimentos médicos e insumos para a produção de energia, como baterias e elementos de terras raras.

Reação de Trump e volatilidade do mercado

Trump rapidamente rebateu as alegações nas redes sociais, chamando a reportagem de “Fake News”. Ele garantiu que sua política tarifária não será reduzida, conforme especulado. "A história no Washington Post, citando fontes anônimas inexistentes, está incorreta. Minha política de tarifas não será amenizada", escreveu em sua plataforma Truth Social.

A reação de Trump impulsionou a recuperação parcial do dólar, que reduziu suas perdas para cerca de 0,5%. Ainda assim, os mercados ficaram atentos à volatilidade gerada por anúncios e desmentidos contraditórios.

A ING Economics destacou que os investidores devem se preparar para oscilações marcantes com a implementação da agenda de Trump. "Se há uma lição de hoje, é a volatilidade crescente que acompanhará as especulações e entregas da nova administração", disse a instituição.

Impactos econômicos previstos

Analistas avaliam que tarifas amplas, como as sugeridas por Trump em campanha, poderiam elevar significativamente os custos para importadores americanos. De acordo com James Knightley, economista da ING Economics, essas tarifas poderiam gerar custos adicionais de até US$ 833 bilhões (R$ 5,1 trilhões), com cerca de 60% desse valor sendo repassado diretamente aos consumidores americanos, enquanto empresas absorveriam parte da diferença em suas margens de lucro.

Além disso, Knightley estimou que tarifas universais poderiam aumentar a inflação em até 2,5 pontos percentuais. Esse impacto inflacionário limitaria o espaço do Federal Reserve para cortar taxas de juros, um dos fatores que tem pressionado o mercado.

A proposta de tarifas focadas, no entanto, pode representar uma redução do impacto generalizado prometido durante a campanha de Trump. Kyle Chapman, analista do Ballinger Group, acredita que essa abordagem mais específica indica um esforço para evitar os efeitos mais prejudiciais das tarifas universais.

"É uma tentativa de suavizar promessas de campanha que poderiam ser politicamente impopulares e economicamente disruptivas", afirmou Chapman.

Repercussões nos mercados

Além do dólar, o mercado de títulos também foi impactado. O rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos inicialmente caiu cerca de 3 pontos base após o relatório do Post, mas recuperou e subiu outros 3 pontos base após as declarações de Trump.

O impacto dessas discussões não se limita ao mercado financeiro. Especialistas alertam que políticas comerciais abruptas podem ter implicações mais amplas, desde desaceleração do crescimento até aumento de tensões comerciais com aliados históricos, como Canadá e México.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)TarifasDonald TrumpDólar

Mais de Mundo

Incêndio em Los Angeles ameaça mansões de estrelas de Hollywood; vídeo mostra fuga em meio ao fogo

Por que a oposição aposta que esta semana será decisiva para o futuro da Venezuela

Quem é Pierre Poilievre, opositor de Trudeau que busca liderar Canadá após renúncia de premier

Em resposta a Trump: rei da Dinamarca atualiza brasão real com destaque para a Groenlândia