Primeira oração dominical do papa Francisco, em 17 de março, no Vaticano: após a renúncia de Bento XVI, a investigação sobre o Vatileaks ficou a cargo de seu sucessor (Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 13h39.
Cidade do Vaticano - O relatório "Vatileaks" sobre o escândalo do vazamento de documentos oficiais do Vaticano já está à disposição do papa Francisco, confirmou nesta segunda-feira o porta-voz do vaticano, Federico Lombardi, que afirmou no entanto que não acredita que o papa teve tempo de analisá-lo.
"É certo que está à disposição do papa, mas com tantas coisas que tem fazer nestes dias, não acho que tenha tido tempo de analisá-lo", afirmou Lombardi em um encontro com a imprensa.
Lombardi acrescentou que ficaria surpreso se o papa Francisco tivesse dedicado estes primeiros dias de pontificado à leitura do relatório.
Bento XVI criou no ano passado uma comissão formada por três cardeais - o espanhol Julián Herranz, de 82 anos, ex-presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos; Jozef Tomko, eslovaco, prefeito regional emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos, de 88 anos; Salvatore de Giorgi, ex-arcebispo de Palermo, de 82 anos - para que averiguassem o vazamento e publicação de documentos reservados do papa e do Vaticano.
Por esse caso, o ex-mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, foi detido, condenado e depois perdoado pelo pontífice.
Os cardeais interrogaram 30 pessoas e toda a documentação foi entregue em dezembro a Bento XVI, que decidiu repassar a seu sucessor.
Desta maneira, segundo fontes vaticanas, a documentação não foi arquivada, como é habitual após a morte ou renúncia de um papa, quando todo o material do pontificado é guardado para estudo e não é publicado durante anos.
Lombardi não descartou que durante as congregações preparatórias do conclave no qual o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito, os três cardeais que são responsáveis pela investigação informaram sobre o tema para outros purpurados.
"Eles saberão em que medida poderão e deverão dar informações às pessoas que pedirem", ressaltou o porta-voz.
O cardeal peruano Juan Luis Cipriani disse à agência Efe que durante as reuniões prévias ao conclave receberam "poucas" informações sobre o "Vatileaks", "e isso que nós pedimos", precisou.
Cipriani reconheceu que os cardeias sabem do "Vatileaks" "um pouquinho a mais" do que foi publicado na imprensa, "mas não o suficiente".