Casa Branca (Alex Proimos from Sydney, Australia/Wikimedia Commons)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de fevereiro de 2019 às 10h50.
São Paulo - A lista de pretendentes à vaga do Partido Democrata para a eleição de 2020 nos EUA é longa e movida pelo objetivo central de tirar o presidente Donald Trump da Casa Branca. Pesquisas recentes mostraram que, para grande parte dos eleitores do partido, derrotar Trump é muito mais importante do que eleger alguém com quem eles se identificam ideologicamente.
Até sexta-feira, 8, ao menos 23 nomes já tinham se declarado oficialmente, manifestado publicamente a intenção de concorrer ou eram cogitados por especialistas, segundo o site de cobertura política americana FiveThirtyEight. E esse número cresce a cada semana.
Analista e professora de ciências políticas da Iona College (Nova York), Jeanne Zaino explica que ainda não está claro se os grandes nomes do partido, como Joe Biden, ex-vice-presidente, e Bernie Sanders, senador, realmente concorrerão, mas ambos são fortemente cotados. "O que está claro até agora é que os democratas estão unidos por sua oposição a Trump e à procura de um candidato que possa realmente derrotá-lo", afirmou Jeanne ao Estado.
A disputa mostra um partido em compasso com sua base. Segundo pesquisa da ABC News e do Washington Post, para 43% dos eleitores democratas é muito mais importante escolher alguém com chances reais de derrotar Trump do que ter um presidente que compartilhe seus ideais.
Em uma sondagem diferente, da Monmouth University, esse número é ainda maior: 56% dos entrevistados disseram que ter um candidato forte contra o presidente é o mais importante, mesmo que não concorde com suas propostas de governo.
Na opinião da analista, porém, os candidatos precisarão equilibrar esse objetivo com uma visão positiva sobre o futuro do país. "Fazer campanha contra Trump não será suficiente", afirma.
Até agora, de acordo com Jeanne, a senadora pelo Estado da Califórnia Kamala Harris teve o melhor e mais forte lançamento de campanha, além de arrecadar muito dinheiro: US$ 1,5 milhão apenas nas primeiras 24 horas após o anúncio.
Uma pesquisa da Quinnipiac University, divulgada na semana passada, mostrou que o entusiasmo por seu nome (58%) quase alcançou o de Biden (60%), com entrevistados dizendo que ficariam felizes se, no fim das primárias, os dois saíssem vitoriosos.
A escolha de um candidato pelos dois principais partidos americanos segue um longo processo que começará oficialmente em janeiro. As eleições ocorrem em novembro do ano que vem.
O ex-vice de Obama lidera as pesquisas de intenção de voto entre os democratas, principalmente entre aqueles que consideram derrotar Trump o mais importante. Ele tem uma ampla vantagem, especialmente entre brancos sem formação universitária, um eleitorado para o qual Trump teve grande apelo. O problema com relação a seu nome, segundo Jeanne, é sua candidatura soar como uma "volta ao passado", algo que prejudicou Hillary Clinton em 2016.
"Ele certamente quer entrar na corrida de novo e é uma figura amada no partido, mas ele vem com um grande número de fraquezas que os democratas precisam reconhecer", afirma a analista, avaliando que ele não é um representante da "nova geração" dos democratas.
Esse é um dos problemas que a oposição precisará equalizar. Ir demais para a esquerda, onde se concentra essa "nova energia", poderia empurrar eleitores para Trump.
O ex-CEO da empresa Starbucks Howard Schultz, velho democrata, joga com esse medo. Ele afirmou recentemente que, se o partido se inclinar demais para a esquerda nas primárias, considera sair para a disputa como um candidato independente, o que poderia dividir os democratas e favorecer Trump. Independentes não ganham a presidência dos EUA, segundo analistas, mas são capazes de bagunçar a disputa eleitoral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.