Rei Felipe VI, da Espanha: chuva de lama em protestos
Agência de notícias
Publicado em 3 de novembro de 2024 às 13h47.
Última atualização em 3 de novembro de 2024 às 13h47.
A visita do rei Felipe VI e da rainha Letizia às áreas atingidas por enchentes na região de Valência, Espanha, terminou em meio a protestos, com gritos de "Vão embora" e "Não dormimos há seis dias" por moradores insatisfeitos. Em um momento tenso, a multidão chegou a arremessar lama, que atingiu o rosto do rei e da rainha, em uma cena incomum para a monarquia espanhola.
As manifestações ocorrem em um dos piores desastres naturais registrados no país, que já conta com 217 vítimas. Em Paiporta, cidade valenciana, a chegada da comitiva real e de Pedro Sánchez, presidente do Governo, foi recebida com xingamentos e o lançamento de objetos. Sánchez e o presidente regional, Carlos Mazón, tiveram de sair sob proteção de equipes de emergência. O rei Felipe, no entanto, insistiu em conversar com os presentes, mas acabou saindo escoltado pelos seguranças.
As mortes pelas enchentes atingiram principalmente Valência, onde estão contabilizados 213 dos óbitos, segundo o governo. Foram confirmados corpos de três pessoas em Pedralba, Valência, e o de uma idosa em Letur, em Castela-Mancha, a 12 km de distância do local onde foi vista pela última vez. Entre as vítimas estão dois cidadãos chineses, conforme informado pela embaixada do país.
A televisão estatal espanhola comunicou que a visita dos reis foi suspensa em meio à crise. Este cenário caótico levou Papa Francisco a pedir orações pelo povo espanhol durante um discurso neste domingo no Vaticano, diante do “sofrimento enfrentado por Valência”.
Enquanto isso, o Governo segue mobilizando o maior contingente de militares em tempos de paz, com o envio de 7.500 soldados e cerca de 10.000 policiais e guardas civis para as áreas de risco. O clima também não traz alívio: a Agência Meteorológica do Estado Espanhol (Aemet) emitiu alerta laranja para a costa valenciana e alerta vermelho para a província de Almería, ao sul, devido à previsão de mais tempestades. "Chuvas intensas e persistentes estão previstas para as áreas já afetadas," destacou Rubén del Campo, porta-voz da Aemet.
As enchentes destruíram pontes, casas e veículos, causando prejuízos generalizados. Moradores relatam a devastação, com casas cobertas de lama e veículos impedindo o trabalho das equipes de emergência. “Estamos limpando há três dias”, relatou Helena Danna Daniella, dona de um bar em Chiva, descrevendo o cenário de destruição. "É de perder a cabeça", desabafou.
Solidariedade marca a reação da população, com milhares de voluntários auxiliando nas tarefas de resgate e limpeza. Em Sedaví, onde bombeiros buscam possíveis vítimas em estacionamentos subterrâneos alagados, Raúl Castro, chefe da brigada municipal, afirmou que a equipe trabalha para extrair água e localizar desaparecidos. Contudo, com as chuvas iminentes, autoridades limitaram a circulação de voluntários para evitar novos riscos.