Imigrantes são resgatados em bote no Canal da Mancha, que divide a França e o Reino Unido (BEN STANSALL/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 23 de julho de 2025 às 11h32.
O governo do Reino Unido anunciou que começará, ainda este ano, os testes de uma tecnologia de reconhecimento facial baseada em inteligência artificial (IA) para estimar a idade de migrantes que chegam ao país cruzando o Canal da Mancha, informou o Daily Mail na terça-feira, 22.
A iniciativa, segundo o site britânico, busca identificar adultos que tentam se passar por menores de idade para obter vantagens no processo de asilo. Se aprovada, a ferramenta poderá ser implementada de forma permanente no sistema de imigração a partir de 2026.
A proposta, ressalta o Mail, surge diante do aumento das disputas de idade entre migrantes que desembarcam na região sem documentação oficial, como passaporte. No primeiro semestre de 2024, 1.317 pessoas, que alegaram ser menores ao chegar, foram posteriormente identificadas como maiores de idade. No total, foram registrados 2.122 casos de contestação de idade no período.
Atualmente, a avaliação inicial é feita por funcionários do Ministério do Interior com base apenas na aparência física e no comportamento do solicitante. Em governos anteriores, chegou-se a propor o uso de exames científico, como raios-X, tomografias ou ressonâncias magnéticas, para estimar a idade dos migrantes, medida aprovada pelo Parlamento como parte da Lei de Nacionalidade e Fronteiras de 2022.
Agora, no entanto, a ministra da Segurança de Fronteiras e Asilo, Angela Eagle, informou que o atual governo, liderado pelo Partido Trabalhista, optou por priorizar soluções com base em IA. Em comunicado ao Parlamento britânico, Eagle afirmou que a "estimativa facial de idade" tem se mostrado a opção mais econômica e eficiente.
"Avaliar com precisão a idade de um indivíduo é uma tarefa extremamente complexa. A inteligência artificial pode oferecer uma forma rápida e confiável de apoiar as decisões feitas por agentes do governo, sem necessidade de procedimentos médicos", disse a ministra.
A tecnologia em desenvolvimento utiliza milhões de imagens de pessoas cuja idade é conhecida para treinar algoritmos capazes de estimar a faixa etária de um indivíduo cuja idade seja contestada. Segundo Angela, esse tipo de sistema já tem sido adotado por empresas de comércio eletrônico e redes sociais como parte de processos de verificação etária online.
Os primeiros testes indicam que a IA pode entregar resultados de forma mais rápida e barata do que exames médicos tradicionais, e sem qualquer invasividade. Ainda segundo o governo, o método também evita o risco de erro humano em situações de incerteza quanto à idade real do solicitante.