Mundo

Reino Unido inicia campanha do referendo sobre saída da UE

O presidente Barack Obama decidiu se envolver e chegará a Londres para recomendar aos britânicos que votem a favor da Europa


	Reino Unido na UE: a figura mais proeminente do campo anti-UE, o conservador Boris Johnson, fará vários discursos no norte da Inglaterra
 (Toby Melville / Reuters)

Reino Unido na UE: a figura mais proeminente do campo anti-UE, o conservador Boris Johnson, fará vários discursos no norte da Inglaterra (Toby Melville / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2016 às 16h01.

Começou oficialmente nesta sexta-feira a campanha para o referendo de 23 de junho sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, que se terminar com a saída britânica pode provocar um autêntico cataclismo geopolítico.

O presidente Barack Obama decidiu se envolver e chegará a Londres na quinta-feira para uma visita de três dias na qual recomendará aos britânicos que votem a favor da Europa.

"Não temos um amigo mais próximo no mundo" que os britânicos "e se nos pedirem nossa opinião como amigos, a daremos", disse Ben Rhodes, conselheiro de política externa de Obama.

O Fundo Monetário Internacional avisou nesta semana que um "Brexit" "pode provocar sérios danos regionais e mundiais ao alterar relações comerciais bem estabelecidas", afirmou seu economista chefe, Maurice Obstfeld.

Nesta sexta-feira teve início a tradicional distribuição de panfletos nas ruas e os primeiros comícios.

"Quero que meus filhos tenham a possibilidade de viajar por toda a Europa e que se beneficiem de uma saúde gratuita", explicou à AFP Gael Simmonds, de 60 anos, um dos nove voluntários que distribuía panfletos em Covent Garden, Londres, em um dia chuvoso.

A figura mais proeminente do campo anti-UE, o conservador Boris Johnson, fará nesta sexta-feira e no sábado vários discursos no norte da Inglaterra, em redutos tradicionalmente trabalhistas, com a mensagem de que o dinheiro que Londres paga a Bruxelas pode ser usado para a saúde pública.

Para Johnson, que atuou como correspondente em Bruxelas do jornal Daily Telegraph e que é um crítico ferrenho da burocracia europeia, o referendo é "como se o carcereiro tivesse deixado acidentalmente a porta da prisão aberta e as pessoa pudessem ver as terras iluminadas mais além".

No outro lado, o homem que liderou a campanha para que a Escócia ficasse no Reino Unido, o ex-ministro das Finanças trabalhista Alistair Darling, volta ao primeiro plano para salvar a adesão britânica e, assim como em 2014, a cabeça do primeiro-ministro David Cameron, defensor da permanência na UE que convocou o referendo para aplacar a ala eurocética de seu partido.

Um Cameron que, depois de ter sido atingido pelo escândalo "Panama Papers", inspira, na questão europeia, menos confiança que o trabalhista Jeremy Corbyn, segundo uma pesquisa publicada na quinta-feira no jornal The Times.

Lado a lado nas pesquisas

As pesquisas de opinião indicam que o referendo será disputado.

Segundo a última pesquisa, os dois lados acumulam 39% das intenções de voto cada um e estima-se que a participação será chave.

Joe Twyman, do instituto de pesquisa YouGov, previu que "se for da ordem de 30%", como em referendos anteriores, "ganhará a saída da UE, porque as únicas pessoas que terão ido votar são aquelas para as quais é verdadeiramente importante" abandonar o bloco.

Pelo contrário, 60% de participação daria a vitória aos europeístas.

Na mente de todos está o recente referendo na Holanda que resultou na rejeição ao acordo comercial entre a UE e a Ucrânia, uma questão aparentemente de pequena importância que mobilizou pouco o eleitorado, mas que foi usada para dar uma bofetada em Bruxelas.

Os referendos nacionais foram tradicionalmente uma dor de cabeça para os defensores da integração europeia, cujos passos precisam contar com a aprovação de todos os Estados membros.

Acompanhe tudo sobre:Barack ObamaEuropaPaíses ricosPersonalidadesPolíticosReferendoReino UnidoUnião Europeia

Mais de Mundo

Três ministros renunciam ao governo de Netanyahu em protesto a acordo de cessar-fogo em Gaza

Itamaraty alerta para a possibilidade de deportação em massa às vésperas da posse de Trump

Invasão de apoiadores de presidente detido por decretar lei marcial deixa tribunal destruído em Seul

Trump terá desafios para cortar gastos mesmo com maioria no Congresso