David Cameron: companhias aéreas terão que fornecer mais detalhes sobre os passageiros (UK Parliament via Reuters TV)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2014 às 14h23.
Londres - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta segunda-feira o endurecimento das leis antiterroristas, que permitirá à polícia apreender os passaportes de supostos jihadistas em seu retorno ao país, entre outras medidas.
Cameron também anunciou no Parlamento que as companhias aéreas terão que fornecer mais detalhes sobre os passageiros, sob o risco de não poder pousar, e que os suspeitos de jihadismo que vivem no Reino Unido enfrentarão restrições a sua liberdade.
O premiê voltou a cifrar em cerca de 500 o número de britânicos que foram para a Síria e o Iraque lutar em organizações jihadistas como o Estado Islâmico.
"Respeitar os valores britânicos não é opcional. É um dever para todos aqueles que vivem nestas ilhas, pois assim defenderemos nossos valores, acabaremos derrotando este extremismo e garantiremos nosso modo de vida para as próximas gerações", sentenciou.
"Todos nós ficamos impactados e incomodados com a barbárie que vimos no Iraque. A extensão da matança de muçulmanos nas mãos de outros muçulmanos, a impiedosa perseguição de minorias religiosas, a escravidão e estupro de mulheres e, é claro, a decapitação do jornalista James Foley com a voz na gravação que parecia ser de um terrorista britânico".
Políticos ligados ao executivo, como Menzies Campbell, ex-líder dos liberais - que fazem parte da coalizão governamental com os conservadores -, e membro do Comitê parlamentar de Segurança e Inteligência, duvida da legalidade de retirar o passaporte dos suspeitos.
"Transformar um cidadão em apátrida, retirando o passaporte, é ilegal, segundo a lei internacional. Torná-lo temporariamente um apátrida, que parece ser o propósito do que está sendo proposto, também pode ser descrito como ilegal", afirmou à BBC.
Cameron fez estes anúncios depois de declarar na sexta-feira que o Estado Islâmico é a maior ameaça já enfrentada pelo Reino Unido e de elevar o grau de ameaça terrorista de "substancial" a "severo".
Isso significa que a realização de atentados em território britânico é altamente provável - segundo esta escala de segurança que consta de cinco graus e que volta ao segundo nível de periculosidade pela primeira vez desde julho de 2011 -, embora as autoridades não tenham nenhum plano concreto.
"A brutalidade do Estado Islâmico na Síria e no Iraque é uma ameaça direta ao Reino Unido", enfatizou.
A ministra do Interior, Theresa May, esclareceu na ocasião que não tem nenhuma informação sobre algum atentado terrorista iminente, mas justificou a decisão "pelos acontecimentos na Síria e no Iraque, onde grupos terroristas estão planejando atentados no Ocidente".
Os Estados Unidos, por sua vez, informaram que não têm planos para aumentar seu nível de alerta.
Os alertas contra ameaças terroristas são emitidos caso a caso pelo departamento de Segurança Interior (DHS, em inglês) e não há alertas em vigor atualmente.
No entanto, nas últimas semanas autoridades da segurança nacional colocaram em prática novas medidas de proteção no setor da aviação e em outras áreas para enfrentar eventuais ameaças.
No sábado, a Espanha e França informaram que manterão seu nível atual de alerta antiterrorista, ao invés de elevá-lo, de acordo com seus ministros do Interior.