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Rei da Arábia Saudita nomeia filho como 1º na linha de sucessão

Novo herdeiro é conhecido por buscar reformar a economia dependente do petróleo e atingir uma política externa mais firme

Mohammed bin Salman: nomeação dele como herdeiro tem grandes implicações para a monarquia e para a maior economia do Oriente Médio (Charles Platiau/Reuters)

Mohammed bin Salman: nomeação dele como herdeiro tem grandes implicações para a monarquia e para a maior economia do Oriente Médio (Charles Platiau/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de junho de 2017 às 06h27.

Dubai - O rei Salman, da Arábia Saudita, nomeou seu filho Mohammed bin Salman, de 31 anos, como o novo príncipe herdeiro, informou a agência de notícias estatal do país nesta quarta-feira. A medida tem grandes implicações para a monarquia e para a maior economia do Oriente Médio.

Mohammed bin Salman, conhecido pelas iniciais MbS, é visto como o arquiteto da tentativa da Arábia Saudita de reformar economia dependente do petróleo e atingir uma política externa mais firme, em uma região de muita instabilidade.

O príncipe é agora o primeiro na linha sucessória do pai, o rei Salman, de 81 anos. Aos 31 anos, Mohammed bin Salman continuará como ministro da Defesa saudita.

Como parte das mudanças, Mohammed bin Nayef, que era até então o príncipe herdeiro, perderá todas as suas posições no governo, entre elas a de ministro do Interior, informou a agência estatal. Mohammed bin Nayef, de 57 anos, é sobrinho do rei Salman.

A notícia surpreendente coincide com uma crise política na região do Golfo Pérsico, que coloca a Arábia Saudita e seus aliados contra o Catar. Os sauditas também estão envolvidos em um prolongado conflito no vizinho Iêmen.

A mudança na linha sucessória é uma grande derrota para o príncipe Mohammed bin Nayef, visto pelos Estados Unidos como um de seus mais confiáveis parceiros na luta contra o terrorismo. A troca ocorre também no momento em que o governo de Washington busca envolver mais os aliados do Oriente Médio no combate ao terrorismo, em uma região com uma série de grupos insurgentes extremistas.

Diplomatas experimentados dos Estados Unidos tentaram ficar fora da disputa pela sucessão entre os príncipes Mohammed bin Nayef e Mohammed bin Salman, sem querer arriscar a parceria próxima com o ministro do Interior, elogiado pelo combate à crescente ameaça da Al-Qaeda no reino ao longo da última década e meia.

Nos últimos dois anos, o príncipe Mohammed bin Salman tem sido a face pública da mudança no reino. Ele introduziu medidas de austeridade - algumas depois revertidas - para ajudar a reduzir o déficit orçamentário causado pela queda nos preços do petróleo.

Também apoiou a potencial oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações da gigante petroleira estatal Saudi Aramco, em parte para impulsionar a economia do país rumo a uma trajetória de privatizações e maior competitividade, vistas como necessárias para gerar empregos para os mais jovens e atrair investimentos estrangeiros para além do setor de petróleo.

As reservas em moeda estrangeira sauditas tiveram forte queda nos últimos três anos, em meio à prolongada fraqueza dos preços do petróleo.

Com isso, o país cortou parte de seus generosos subsídios em energia, em uma tentativa de equilibrar o orçamento. O novo príncipe herdeiro também é responsável pelo maior fundo soberano saudita, o Fundo de Investimento Público (PIF, na sigla em inglês).

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