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Regime sírio segue com intensos bombardeios

Ataques aéreos acontecem apesar da trégua estabelecida em 30 de dezembro pela Rússia, aliada do regime, e da Turquia, que apoia grupos rebeldes

Síria: a principal frente de combate continua ser a região rebelde de Wadi Barada (Bassam Khabieh/Reuters)

Síria: a principal frente de combate continua ser a região rebelde de Wadi Barada (Bassam Khabieh/Reuters)

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AFP

Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 14h16.

Última atualização em 11 de janeiro de 2017 às 14h59.

Beirute - O regime sírio intensificou os ataques aéreos contra os rebeldes e extremistas islâmicos, especialmente no norte do país, com a aproximação das negociações de paz, cuja realização em 23 de janeiro foi confirmada por Moscou.

Estes ataques aéreos acontecem apesar da trégua estabelecida em 30 de dezembro pela Rússia, aliada do regime, e da Turquia, que apoia grupos rebeldes.

"Os aviões militares do regime intensificaram os ataques na província de Aleppo depois da meia-noite", informou o Observatório dos Direitos Humanos (OSDH) nesta quarta-feira, acrescentando que muitas cidades e vilas foram atingidas, principalmente Atareb e Khan al-Assal, redutos da rebelião.

Um correspondente da AFP ouviu intensos bombardeios na província de Aleppo, onde Atareb está localizada.

Na província vizinha de Idleb (noroeste), controlada por uma aliança entre os rebeldes e a Frente Fateh al-Sham (ex-facção síria da Al-Qaeda), caças sírios bombardearam a localidade de Taftanaz, matando três rebeldes, de acordo com o OSDH.

Um jornalista da AFP viu um imóvel completamente destruído em Taftanaz. Capacetes Brancos, as equipes de resgate nas zonas rebeldes, passaram horas tentando retirar os escombros com picaretas e martelos pneumáticos na esperança de encontrar sobreviventes.

O Observatório também relatou ataques aéreos em vários vilarejos de Ghuta oriental, um reduto rebelde na província de Damasco.

Esta área, visada por tiros de artilharia esporádicos, foi o alvo da força aérea pela primeira vez desde o anúncio do cessar-fogo, de acordo com o OSDH.

"Violações crescentes"

A principal frente de combate continua ser a região rebelde de Wadi Barada, a 15 km de Damasco, onde estão as principais fontes de abastecimento de água da capital e que o regime tenta tomar desde 20 de dezembro.

Os dois grupos extremistas islâmicos na Síria, Fateh al-Sham e Estado Islâmico (EI), estão excluídos do acordo de trégua patrocinado por Ancara e Moscou.

As tropas do regime continuam com a sua ofensiva na localidade, apesar da introdução da trégua, argumentando que Fateh al-Sham estaria em Wadi Barada, o que os rebeldes negam.

O regime enviou na terça-feira novos reforços para a zona, de acordo com OSDH, que informou nesta quarta-feira sobre combates e bombardeios.

O governo da província de Damasco anunciou nesta quarta-feira que um acordo tinha sido alcançado com os rebeldes para enviar "nas próximas horas" técnicos para reparar as instalações em Ain al-Fijé, uma das mais importantes fontes de água. Um acordo anterior fracassou.

Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlüt Cavusoglu, advertiu que "as violações crescentes do cessar-fogo" poderiam ameaçar as negociações de paz programadas para Astana.

Mas uma fonte diplomática russa confirmou nesta quarta-feira à AFP que as conversações patrocinadas pela Rússia, Irã, que também é um aliado do regime de Damasco, e Turquia poderiam acontecer em 23 de janeiro na capital do Cazaquistão.

"Por enquanto, não há informações sobre o adiamento deste encontro. Até o momento, a data de 23 de janeiro continua em vigor", disse a fonte.

A lista de participantes nas discussões está sendo elaborada, acrescentou.

As negociações em Astana devem preceder as discussões de 8 de fevereiro, em Genebra, sob mediação da ONU.

Nenhuma das discussões realizadas até à data permitiram alcançar uma solução para o conflito, que deixou mais de 310.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados desde 2011.

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