Tanque das forças do regime sírio patrulha Alepo: A persistente violência na Síria levou o Conselho de Segurança da ONU a dar por concluída hoje a missão dos observadores (AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2012 às 18h05.
Cairo - O regime sírio aumentou a intensidade da repressão contra os civis nos bairros e localidades controlados pelos insurgentes, com uma nova jornada de bombardeios sobre a população e a aparição de corpos dos executados.
Apesar do crescente isolamento internacional do regime do presidente sírio, Bashar al Assad, com sua expulsão da Organização de Cooperação Islâmica decidida ontem à noite, as forças governamentais prosseguiram com seus bombardeios aos redutos opositores.
Alepo, cenário há um mês de uma brutal batalha por seu controle entre o Exército e os rebeldes, foi de novo uma das cidades mais castigadas pela violência.
A ativista independente Wed Al-Hayat disse à Agência Efe pela internet que 40 pessoas morreram e outras 40 ficaram feridas em um ataque das tropas do regime contra uma padaria no bairro de Qadi Askar, de Alepo.
Al-Hayat explicou que quatro projéteis caíram sobre uma fila de pessoas que esperavam para comprar pães, no segundo ataque contra a mesma padaria hoje.
Os Comitês de Coordenação Local (CCL) confirmaram o número de vítimas, enquanto o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) o fixou em 10.
O ataque acontece no dia seguinte que na cidade de Azaz, na província de Alepo, 40 pessoas morreram em ataques de caças do Exército sírio contra edifícios residenciais, como foi denunciado por ativistas opositores e referendado hoje pela organização Human Rights Watch (HRW) em comunicado.
Já nos bairros de Al Mayur e Al Qateryi, também em Alepo, pelo menos 10 pessoas morreram por bombardeios indiscriminados das tropas governamentais, acrescentou a ativista.
Outros bairros transformados em redutos dos rebeldes do Exército Livre Sírio (ELS), como Seif al Daula, Al Azamiya e Tariq al Bab, também foram alvo de bombardeios.
Também hoje, um ativista opositor na periferia de Damasco, Omar Hamza, informou à Efe sobre a descoberta de 60 cadáveres amarrados, que não puderam ser identificados.
Hamza, porta-voz do Conselho do Comando da Revolução em Rif, Damasco, afirmou que os corpos foram encontrados em um aterro sanitário perto da cidade de Qatana, nos arredores da capital, e qualificou o fato de 'execução sumária'.
Por sua vez, os opositores CCL indicaram que esses fatos parecem ser 'um novo massacre das forças do regime', enquanto a Comissão Geral da Revolução Síria apontou que foi enviada para a região uma brigada do Exército sírio que poderia ser a responsável.
Desde o começo da revolta contra Assad, em março de 2011, os grupos opositores denunciaram em várias ocasiões a comissão por parte da tropas do regime de execuções sumárias de civis.
Além disso, prosseguem os bombardeios das tropas governamentais em todo o país, e os combates entre estas e os rebeldes, especialmente em Alepo, a periferia de Damasco, Idlib e Deir ez Zor, causando dezenas de vítimas.
No plano político, o presidente sírio designou hoje três ministros e um novo governador para a província de Alepo.
Segundo o decreto presidencial 309, divulgado pela agência oficial 'Sana', Assad nomeou Adnan Abdo al Sojni ministro da Indústria; Nechm Hamad al Ahmad, de Justiça; e Saad Abdel Salam al Naif, de Saúde.
Os membros do atual governo sírio tomaram posse em 26 de junho, em meio a uma reforma que levou o então titular de Agricultura, Riad Hiyab, ao comando do Executivo.
No entanto, Hiyab desertou no início de mês, tornando-se o político de maior categoria a unir-se à oposição, e foi substituído por Wael al Halqi, que ocupava a pasta de Saúde, para a qual hoje foi nomeado Al Naif.
Em meio a essas mudanças, o coronel Yaarab al Charaa, que foi chefe do escritório da Segurança Política em Damasco e é primo do vice-presidente sírio, o sunita Farouk al Charaa, anunciou hoje sua deserção do regime e sua adesão à resistência.
A persistente violência na Síria levou o Conselho de Segurança da ONU a dar por concluída hoje a missão dos observadores enviados ao país, cuja retirada se iniciará nos próximos dias, apesar da oposição da Rússia.