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Refugiados podem recompor mercado de trabalho na Europa

Na avaliação dos especialistas, é preciso ainda desmistificar a crise, levando em consideração as migrações internas na própria Europa


	Refugiados aguardam para receber assistência social em Berlim: Alemanha já recebeu 45 mil refugiados
 (Tobias Schwarz/AFP)

Refugiados aguardam para receber assistência social em Berlim: Alemanha já recebeu 45 mil refugiados (Tobias Schwarz/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2015 às 07h04.

A crise dos refugiados na Europa representa uma oportunidade para o continente reorganizar o mercado de trabalho e compensar o envelhecimento da população.

A avaliação é do codiretor da organização não governamental, Iniciativa Open Society do escritório na Europa, Goran Buldioski. Na última semana, ele participou de debate sobre o tema no Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio de Janeiro.

Ao lado da economista e pesquisadora do Instituto Budapeste de Análises Políticas, a húngara Petra Reszketõ, e da cientista política e pesquisadora do Centro para Europa e Assuntos do Atlântico Norte, a eslovaca Radka Vicenová, Buldioski cobrou uma política europeia para estimular a integração e receber os cerca de 500 mil refugiados que chegaram de países como a Síria.

Segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), 500 mil pessoas, até agora, pediram asilo na Europa, cuja população soma 500 milhões.

“Ou seja, representa 0,1% da população total, em termos de números, no continente mais rico do globo, esse é um pequeno problema”, criticou o cientista político. “Se o Brasil estivesse na Europa, por receber mais de 1 mil pessoas, estaria atrás apenas da Alemanha, com 45 mil refugiados”, citou.

Segundo Buldioski, é preciso lembrar que os imigrantes em condições de trabalhar na União Europeia são fundamentais para as economias nacionais.

Ele citou um estudo do bloco mostrando que, nos próximos 35 anos, a região precisa receber 2 milhões de migrantes por ano, para compensar as perdas com o envelhecimento da população.

“Se eu fosse o primeiro-ministro [de um país da União Europeia, certamente receberia esses imigrantes por conta de suas habilidades.

Os dados sugerem que as pessoas vindo para cá são aquelas com maior nível de escolaridade, mais bem informadas e mais autônomas, porque os outros não poderiam pagar [os custos] da viagem”, acrescentou a economista Petra Reszketõ.

Para ela, os Estados deveriam olhar a migração pelo lado positivo, para suas próprias economias.

Por enquanto, o que se observa em países menos desenvolvidos da União Europeia, lembrou Radka Vicenová, é o contrário do que pregam os especialistas. Em seu próprio país, citou, cresce o medo dos migrantes, fundamentado, principalmente nos estereótipos.

“A maioria das pessoas se sente insegura e desconfortável porque é um grande número de pessoas chegando, de uma outra cultura”, disse.

Ela, porém, ressaltou que uma parcela significativa da população têm se desdobrado para mostrar que os refugiados são bem-vindos, “que não são terroristas, mas seres humanos precisando de ajuda”, disse Radka.

Buldioski menciona que a Europa se orgulha de ter os mais avançados padrões de direitos humanos no mundo, pactuados na União Europeia. Ele diz que agora é hora de pôr os princípios em prática., com os países coordenando um esforço conjunto para organizar a migração e receber os refugiados.

"Há uma necessidade de coordenação que precisa começar na Europa. O que estamos vendo até agora são os Estados culpando uns aos outros e isso não está ajudando”, ressaltou Petra.

Ela cobrou apoio financeiro para os países que são “porta de entrada”, como a Grécia, Itália, Espanha e a própria Hungria, que fechou recentemente suas fronteiras.

Na avaliação dos especialistas, é preciso ainda desmistificar a crise, levando em consideração as migrações internas na própria Europa, em função de outras questões como a guerra na Ucrânia.

“A versão de que esta é a maior crise migratória dos últimos anos, atrapalha. Se a Europa estivesse mais solidária do que assustada, concederia mais ajuda”, concluiu Buldioski.

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