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Reformistas foram barrados na transição chinesa

Consultas informais para a definição do Comitê Permanente marcaram o primeiro flerte do PC chinês com uma "democracia intrapartidária"

ois dos candidatos barrados no Comitê Permanente eram amplamente apontados como reformistas: Wang Yang e Li Yuanchao (Jason Lee/Reuters)

ois dos candidatos barrados no Comitê Permanente eram amplamente apontados como reformistas: Wang Yang e Li Yuanchao (Jason Lee/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2012 às 09h58.

Pequim - Líderes aposentados do Partido Comunista Chinês usaram uma consulta de última hora para impedir que dois candidatos reformistas entrassem para o Comitê Permanente do Politburo, segundo duas fontes ligadas à liderança partidária.

A influência de dirigentes eméritos como o ex-presidente Jiang Zemin e o ex-chefe do Parlamento Li Peng salienta os obstáculos para a realização de reformas, mesmo que limitadas, nos escalões superiores do partido, que governa a China desde 1949.

As consultas informais para a definição do Comitê Permanente marcaram o primeiro flerte do PC chinês com uma "democracia intrapartidária" que conciliasse facções internas e levasse a um consenso na definição do Comitê Permanente, principal órgão decisório do partido, composto por sete integrantes. Em 2007, uma votação informal para a definição do plenário do Politburo já havia sido realizada.

Dois dos candidatos barrados no Comitê Permanente eram amplamente apontados como reformistas: Wang Yang, dirigente do partido na província de Cantão (sul), e Li Yuanchao, ministro partidário de organização e pessoal.

Wang e Li não foram localizados para comentar, e a direção do partido não quis se pronunciar.

Lançando uma luz sobre o opaco processo nos bastidores, as duas fontes disseram que a votação no novo Comitê Permanente envolveu os 24 membros do Politburo que estavam e final de mandato e outros dez dirigentes aposentados.

O grupo realizou mais de dez rodadas de deliberações, incluindo pelo menos duas votações informais, num processo ocorrido ao longo de vários meses no hotel militar Jingxi, em Pequim, e em outros lugares, segundo as duas fontes, que pediram anonimato.

Já estava definido de antemão que Xi Jinping, futuro presidente do país, e Li Keqiang, futuro premiê, seriam incluídos no Comitê Permanente. Sobravam, portanto, cinco vagas, com oito candidatos.

Wang, segundo essas fontes, foi barrado por ser rival de Bo Xilai, político da ala esquerdista do PC chinês que caiu em desgraça por causa de um escândalo de corrupção e assassinato. A cúpula partidária teria considerado que a inclusão de Wang no Comitê Permanente poderia ser vista como uma provocação à ala maoísta do partido, do governo e das Forças Armadas, simpática a Bo.

Li Yuanchao, incluído na lista inicial em maio, acabou sendo descartado por ter desrespeitado indicações de veteranos do partido a cargos importantes. Finalmente, Liu Yandong, única mulher entre os candidatos, também foi barrada.

A composição do órgão dirigente, segundo as fontes, foi finalizada numa votação ocorrida cerca de duas semanas antes do Congresso partidário deste mês em Pequim.

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