Iranianas partidárias do candidato conservador à presidência Saeed Jalili: representante direto do guia supremo Ali Khamenei, ele rejeita qualquer concessão às grandes potências (Behrouz Mehri/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2013 às 19h11.
Teerã - Os reformistas querem uma revanche na sexta-feira nas eleições presidenciais iranianas, quatro anos depois da questionada vitória de Mahmud Ahmadinejad, graças a uma união com os moderados contra um campo conservador minado pelas divisões.
Dos seis candidatos ainda em disputa, três se destacam entre os conservadores: o ex-chefe da diplomacia Ali Akbar Velayati, o prefeito de Teerã, Mohamad Bagher Ghalivaf, e o chefe dos negociadores nucleares, Saeed Jalili.
A campanha terminou nesta quinta-feira às 08h00 locais (00h30 de Brasília), mas as negociações prosseguem para tentar impedir que o moderado Hassan Rohani supere o segundo turno.
Já os campos moderado e reformista partem unidos para apoiar Rohani, depois da retirada na terça-feira do reformista Mohamad Reza Aref.
Desde então, seus partidários se mobilizaram nas redes sociais pedindo uma grande votação.
Há quatro anos, a reeleição no primeiro turno de Ahmadinejad derrubou qualquer esperança dos reformistas.
Os dois candidatos derrotados, Mir Hussein Mussavi e Mehdi Karubi, denunciaram grandes fraudes e convocaram manifestações de seus partidários. O protesto foi severamente reprimido e os dois líderes reformistas estão em prisão domiciliar desde 2011.
"Hassan Rohani é agora considerado um dos principais candidatos e suas chances de ir para o segundo turno, se ocorrer, são maiores após a união dos reformistas e dos moderados", comentou à AFP Mehdi Fazayeli, um analista político conservador baseado em Teerã.
No grupo conservador, os chamados se multiplicaram pedindo uma renúncia a favor dos que parecem mais bem situados, com Ghalibaf e Jalili que aparecem como favoritos.
Mas os três pretendentes à sucessão de Mahmud Ahmadinejad rejeitaram nesta quarta-feira a ideia de uma retirada.
Ao se empenharem, os candidatos "transformam o rio de votos conservadores em uma multidão de riachos", alertou nesta quinta-feira Hossein Hariatmadari, do jornal ultraconservador Kayhan.
"Até agora, a aliança entre reformistas e centristas teve sucesso ali onde os conservadores fracassaram: construir uma coalizão e se unir em torno de um candidato", disse à AFP Reza Marasgi, do Conselho Nacional Irã-EUA, que tem sede em Washington.
Hassan Rohani, um religioso moderado de 64 anos, recebeu o apoio dos ex-presidentes Akbar Hashemi Rafsandjani (moderado) e Mohamad Khatami (reformista).
O ex-negociador-chefe do programa nuclear entre 2003 e 2005 também recebeu o apoio da Associação de Religiosos Combatentes, um grupo religioso reformista vinculado a Khatami.
"Peço a todos, em particular aos reformistas", que votem por Rohani, anunciou na terça-feira em uma mensagem Khatami, presidente entre 1997 e 2005.
Também apelou para Rafsandjani, um pilar do regime iraniano no poder entre 1989 e 1997 e afastado da campanha neste ano. Convocou na quarta-feira os eleitores a participarem da votação, apesar das dúvidas, e afirmou que as pesquisas mostram que Rohani está na liderança, segundo a agência Mehr.
A crise econômica provocada pelas sanções internacionais decretadas contra o programa nuclear de Teerã esteve no centro da campanha eleitoral. As grandes potências suspeitam que o Irã quer desenvolver a bomba atômica, o que Teerã desmente.
Os candidatos estão divididos sobre a atitude que devem adotar diante dos ocidentais. Saeed Jalili, representante direto do guia supremo Ali Khamenei, é partidário de uma linha dura, defendendo uma "economia de resistência" e uma rejeição de qualquer concessão às grandes potências.
Ali Akbar Velayati conta com sua experiência de 16 anos na liderança da diplomacia para reduzir a pressão sobre Teerã.
"A diplomacia não é apenas a violência e a firmeza, é o compromisso e o entendimento", disse.
Ghalibaf quer reativar as negociações, que se arrastam desde 2005, com sabedoria.
Todos sabem, no entanto, que o programa nuclear e as questões estratégicas se encontram sob a autoridade direta do aiatolá Khamenei, que não escolheu um candidato e se limitou a pedir uma grande participação.