Repórter
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 15h11.
Última atualização em 26 de novembro de 2025 às 15h16.
A Índia deve sustentar um crescimento de 6,6% do PIB em 2025/26, segundo a mais recente avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que argumenta que o conjunto de reformas internas, como a tributária, e a resiliente economia doméstica – apoiada pelos setores corporativo e financeiro, consolidação fiscal e exportação - já são suficientemente robustos para amortecer a economia do país diante de um ambiente global estruturalmente mais fraco - incluindo o cenário de tarifas de 50% dos EUA nos cálculos.
Assim, a projeção reflete um modelo de crescimento cada vez mais impulsionado internamente, no qual demanda doméstica, estabilidade financeira e expansão do investimento público desempenham papéis centrais na estabilização da economia. O FMI destaca que a expansão de 7,8% no primeiro trimestre do ano fiscal 2025/26 indica que o impulso permanece firme, apesar da incerteza global.
A partir de 2017, uma reforma substituiu taxas e impostos considerados mais burocráticos, indiretos e menos eficientes. A taxação afeta diretamente todos os processos de produção e venda de bens e serviços, mas é reembolsada em todos os estágios, com exceção do consumidor final. Recentes reformas e melhorias de performance desse sistema foram apontados como uma das razões para o crescimento econômico do país pelo FMI.
O Fundo argumenta que essa reforma compensa, em parte, as pressões de custos decorrentes das tarifas, funcionando como um amortecedor doméstico do nível de preços. O artigo sugere que as ambições da Índia para se tornar uma economia desenvolvida podem ser suportadas ao avançar tais reformas estruturais que visem o aumento do crescimento econômico potencial do país.
O crescimento deve desacelerar para 6,2% em 2026/27, o que o FMI interpreta menos como fraqueza e mais como um retorno ao produto potencial, ou seja, o nível de produção máximo que uma economia pode alcançar ao usar seus recursos de forma sustentável. A moderação reflete a fraqueza do comércio global e o impacto das tarifas — e não deterioração dos fundamentos domésticos.
O artigo também apresenta uma avaliação dos fatores e riscos que podem vir a influenciar o desempenho econômico do país:
Os fatores domésticos economicamente significativos listados são predominantemente positivos: a aceleração de reformas estruturais e a celebração de novos acordos comerciais teriam potencial para ampliar a capacidade de investimento e fortalecer as exportações, especialmente nos setores de manufatura e de serviços.
Em contraste, os riscos externos seguem negativos, uma vez que o avanço das fragmentações geoeconômica e geopolítica pode restringir o comércio, elevar os custos de financiamento e reduzir os fluxos de investimento direto estrangeiro.
O FMI também destaca importantes reformas estruturais tais como mudanças nos mercados de trabalho, capital humano, maior participação feminina na força de trabalho, melhor ambiente de negócios, integração comercial e capacidade de inovação como importantes fatores que poderão determinar se a Índia pode avançar rumo ao status de economia avançada.
O Fundo também reforça a necessidade de reformas institucionais: supervisão financeira mais robusta, melhoria na qualidade dos dados e sustentabilidade fiscal dos estados. Além disso, O FMI reforça que a volatilidade climática permanece um determinante macroeconômico chave, afetando produção e consumo rural e trajetórias inflacionárias.
O Conselho também vê espaço potencial para mais afrouxamento monetário caso as tarifas permaneçam elevadas e a inflação se mantenha baixa. Mas o destaque para maior flexibilidade cambial indica que o FMI aconselha que a política monetária foque nas condições domésticas, permitindo que o câmbio absorva choques externos.