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Reforma faz Rajoy enfrentar sua primeira greve geral

A greve de 24 horas, convocada em conjunto pelas duas centrais sindicais majoritárias na Espanha, começa à 0h local de quinta-feira

Para o presidente do governo, Mariano Rajoy, a greve geral não vai servir para solucionar os problemas da Espanha (Dani Pozo/AFP)

Para o presidente do governo, Mariano Rajoy, a greve geral não vai servir para solucionar os problemas da Espanha (Dani Pozo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2012 às 21h42.

Madri - O governo espanhol enfrenta a partir da meia-noite desta quinta-feira sua primeira greve geral, convocada pelos sindicatos contra a reforma trabalhista, quando completa seus primeiros 100 dias no poder centrado nas medidas para reduzir o déficit público.

A greve de 24 horas, convocada em conjunto pelas duas centrais sindicais majoritárias na Espanha - as Comissões Operárias (CCOO) e a União Geral de Trabalhadores (UGT) -, à qual se somaram outros sindicatos, começa à 0h local de quinta-feira (19h de quarta-feira em Brasília).

Com a convocação da greve, a oitava da democracia na Espanha, os sindicatos querem expressar a rejeição à nova legislação trabalhista aprovada pelo governo em 10 de fevereiro e que reivindicavam organismos internacionais como o FMI e a entidade patronal espanhola.

A rejeição sindical parte da consideração que o novo marco laboral - uma das primeiras medidas aprovadas pelo governo de Rajoy - danifica os direitos dos trabalhadores, barateia as demissões e não servirá para criar novos empregos em um país que tem 5,2 milhões de desempregados, 23 % da população ativa, com a economia entrando em recessão.

O Executivo argumenta, no entanto, que o alto índice de desemprego é a razão principal pela qual é necessária a reforma, que pretende flexibilizar o mercado de trabalho e torná-lo menos rígido.

A reforma visa, além disso, facilitar a contratação de jovens com menos de 25 anos, um segmento da população na qual o desemprego ronda os 48%.


Os dois ministros econômicos do Executivo, Luis de Guindos (Economia) e Cristóbal Montoro (Fazenda), advertiram hoje que o Governo não vai modificar sua postura.

De Guindos afirmou que independentemente da greve ser considerada um sucesso ou não, 'não há dúvida' de que a reforma laboral não será modificada 'nem um pouco', embora tenha afirmado que 'se houver disposição para o diálogo, todos serão ouvidos'.

O ministro da Economia se declarou além disso convencido de que a nova regra 'esclarecerá a perspectiva de investimento na Espanha'.

'O compromisso do governo com a reforma laboral é absoluto e total, é a peça básica do conjunto de reformas', disse.

Cristóbal Montoro, por sua vez, assegurou que o Executivo 'não vai ceder' perante a greve porque 'aprofundaria' uma crise que já destruiu muitos empregos.

Para o presidente do governo, Mariano Rajoy, a greve geral não vai servir para solucionar os problemas da Espanha, mas a reforma laboral servirá para criar empregos e modernizar as relações trabalhistas.

'Os sindicatos têm direito a convocar a greve, e o governo tem a obrigação de seguir fazendo aquilo que acha melhor para o interesse geral', disse Rajoy em Seul, na última terça-feira, após a Cúpula de Segurança Nuclear.


A convocação da greve ocorre quando ainda não foram completados os primeiros 100 dias do governo, que concentrou suas primeiras decisões em medidas para reduzir o déficit público e deixá-lo neste ano em 5,3% do PIB como exige a União Europeia, no horizonte que a redução alcance 3% em 2013.

Para isso, será preciso fazer drásticos cortes no Orçamento Geral do Estado, que o Executivo apresentará na próxima sexta-feira. Rajoy antecipou que eles serão de 12% a 15% nos ministérios.

Entre as primeiras medidas já adotadas está a alta dos impostos sobre a renda e de bens imóveis, o congelamento do número de funcionários de todas as administrações e a redução em 20% das subvenções a partidos políticos e sindicatos.

Esta greve será a oitava nos 35 anos da etapa democrática na Espanha. A anterior aconteceu em 29 de setembro de 2010 e o motivo de sua convocação foi o mesmo que o desta, a rejeição à reforma laboral aprovada então pelo governo do socialista José Luis Rodríguez Zapatero. 

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