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Reforma de prédio que pegou fogo em Londres foi barateada

E-mails revelados mostram que a autoridade administrativa do bairro pressionou a empresa que fazia a obra para obter "um bom preço"

Incêndio: o governo britânico disse ter identificado 149 edifícios que não cumprem as exigências para a prevenção de incêndios (Toby Melville/Reuters)

Incêndio: o governo britânico disse ter identificado 149 edifícios que não cumprem as exigências para a prevenção de incêndios (Toby Melville/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de junho de 2017 às 11h22.

Última atualização em 30 de junho de 2017 às 11h23.

A autoridade administrativa do bairro mais rico de Londres é alvo de críticas nesta sexta-feira (30) por ter exigido uma redução nos custos da reforma da torre Grenfell, onde ao menos 80 pessoas morreram em um incêndio em 14 de junho passado.

De acordo com e-mails obtidos pelo Times e pela BBC, em julho de 2014, a autoridade administrativa de Kensington e Chelsea pressionou a empresa responsável pela obra, a fim de obter "um bom preço" para a reforma do edifício de moradias populares.

Entre as três opções que permitiriam uma redução dos custos, a Kensington and Chelsea Tenant Management Organisation (KCTMO), organismo público que administra as habitações sociais para o município, menciona a possibilidade de usar painéis de alumínio - mais baratos, mas também menos resistentes ao fogo - em vez de zinco na fachada. A troca significaria uma economia de 293.000 libras (333.000 euros).

Compostos de placas de alumínio e de polietileno (plástico), os painéis da fachada da torre Grenfell são suspeitos de terem contribuído para a rápida propagação do fogo que destruiu o edifício durante a noite de 13 a 14 de junho.

Na segunda-feira (26), a empresa americana Arconic anunciou a descontinuação da venda desse revestimento para uso em arranha-céus. Suspeita-se que o material tenha sido utilizado em centenas de prédios no Reino Unido.

O governo britânico disse ter identificado 149 edifícios, 100% dos imóveis inspecionados até agora, que não cumprem as exigências para a prevenção de incêndios.

Já muito criticada por sua gestão da tragédia, a autoridade administrativa de Kensington e Chelsea também foi acusada de vetar os sobreviventes do incêndio e a imprensa de uma reunião de seu conselho municipal na quinta-feira (29).

"Na primeira oportunidade de dar respostas, o conselho decidiu banir os moradores e jornalistas. Isso ultrapassa o nosso entendimento, é uma loucura", criticou o prefeito de Londres, Sadiq Khan.

O opositor trabalhista Robert Atkinson denunciou um "fiasco" e pediu a renúncia do presidente do conselho, o conservador Nicholas Paget-Brown.

Já a primeira-ministra britânica, Theresa May, lamentou que o conselho tenha adiado a reunião de quinta-feira, depois que os moradores e jornalistas foram finalmente autorizados a entrar na sala após decisão judicial.

Ela estimou que o conselho deveria "ter respeitado a decisão" do Supremo Tribunal de Justiça, afirmou seu porta-voz.

Também na quinta-feira, May nomeou o ex-juiz do Tribunal de Recurso Martin Moore-Bick para dirigir o inquérito público sobre a tragédia.

No edifício calcinado, as operações de recuperação dos corpos devem continuar até o final do ano. Chega a pelo menos 80 o número oficial de mortos.

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