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Reforçada nas urnas, França dos socialistas se concentra na crise do euro

Os socialistas com seus aliados diretos alcançaram ontem 314 dos 577 deputados

Os ministros seguem interinos até então, à espera da volta de Hollande (Antoine Antoniol/Getty Images)

Os ministros seguem interinos até então, à espera da volta de Hollande (Antoine Antoniol/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 14h16.

Paris - O governo francês, respaldado por um grande maioria absoluta dos socialistas, prepara a partir desta segunda-feira uma mínima remodelação para enfrentar uma acirrada agenda marcada nas próximas semanas pela crise europeia e por ajustes econômicos.

O primeiro passo, uma mera formalidade, foi a demissão do Executivo nesta manhã perante o presidente da República, o socialista François Hollande, que voltou a encarregar ao primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, a formação de um novo governo que deve apresentar-se na próxima quinta-feira.

Os ministros seguem interinos até então, à espera da volta de Hollande, que após comemorar o início da resistência à ocupação nazista no dia 18 de junho de 1940 na primeira hora do dia no forte Mont Valérien, nos arredores de Paris, voou em direção ao México para participar da Cúpula do G20.

Os analistas concordam que quase não haverá mudanças - falou-se da incorporação de um novo titular do Comércio Exterior -, entre outras coisas porque todos os membros do Executivo que concorriam às eleições de ontem saíram vitoriosos, motivo pelo qual nenhum terá que aplicar-se a regra fixada por Ayrault de renunciar ao cargo.

Os socialistas com seus aliados diretos alcançaram ontem 314 dos 577 deputados, de modo que não serão imprescindíveis para adotar seus textos nem os 17 ecologistas (que por sua parte já têm uma de suas dirigentes, Cécile Duflot, no Executivo), nem os 10 da Frente de Esquerda (que inclui os comunistas).


Isso significa que terão margem parlamentar para aplicar medidas impopulares forçadas pela situação de crise, como já deu a entender o ministro do Interior, Manuel Valls, que reconheceu que "o rigor é necessário", mas que será aplicado com justiça.

Valls, que não detalhou onde haverá cortes e assinalou que estão não são esperados nem em educação nem em segurança, que são as prioridades de Hollande, reiterou o compromisso de restabelecer a situação das finanças públicas e voltar ao "déficit zero" no final da legislatura, em 2017.

Para alcançá-lo, ressaltou que o objetivo em primeiro lugar é "mobilizar nossos parceiros europeus", em clara referência aos dois encontros europeus cruciais que Hollande terá nos próximos dias.

O primeiro será na próxima sexta-feira em Roma com a chanceler alemã, Angela Merkel, e os chefes do governo de Espanha, Mariano Rajoy, e da Itália, Mario Monti; e o segundo no Conselho Europeu dos dias 28 e 29 em Bruxelas.

O presidente francês, em um documento enviado na semana passada aos outros líderes europeus, lhes propôs um plano de estímulo do crescimento econômico com um orçamento de 120 bilhões de euros que sairia dos fundos estruturais da União Europeia (UE), do Banco Europeu de Investimentos (BEI) e de bônus comuns emitidos pelos 27 países-membros, segundo informou a imprensa francesa.

No plano interior, a grande urgência, uma vez que se faça pública a auditoria das contas públicas no final desse mês ou no início de julho, será adotar aumentos de impostos que permitam arrecadar 10 bilhões de euros suplementares para compensar o efeito sobre o déficit da deterioração da atividade.

Os esforços com "justiça" anunciados pelos socialistas devem concretizar-se, entre outros, em um restabelecimento do Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna (ISF), a supressão das isenções de cotações nas horas-extras trabalhadas e o aumento do tipo máximo no imposto sobre a renda até 75% para os que ganham mais de 1 milhão de euros. 

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