A bandeira britânica sobre uma casa em Port Stanley, nas Malvinas: os dois países travaram uma guerra em 1982 por 74 dias que culminou com a rendição da Argentina. (Daniel Garcia/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 13h50.
Buenos Aires - O chanceler argentino, Héctor Timerman, classificou nesta sexta-feira de ilegal o referendo previsto para março nas Malvinas através do qual seus habitantes definirão se querem se manter como território de ultramar da Grã-Bretanha, em meio à disputa de soberania pelas ilhas entre os dois países.
"O referendo é ilegal porque as Nações Unidas declararam que é uma ação implantada desde 1833, quando Londres invadiu e expulsou os habitantes argentinos" das ilhas, disse Timerman em declarações ao canal C5N.
Uma nova escalada verbal é registrada entre os dois países pela histórica disputa de soberania nas Malvinas, a 40 dias do referendo que será realizado nos dias 10 e 11 de março.
A disputa se aprofundou depois que o chanceler argentino rejeitou a proposta de seu colega britânico, William Hague, de realizar em Londres uma reunião trilateral com representantes das Malvinas, que não são considerados por Buenos Aires como parte envolvida no conflito de soberania.
O governo britânico disse nesta sexta-feira estar decepcionado pela negativa do ministro das Relações Exteriores de realizar o encontro trilateral.
Timerman, por sua vez, disse que o Reino Unido "quer ter uma base militar nas Malvinas com projeção na Antártida" e denunciou que o arquipélago "é o território mais militarizado do mundo, com um soldado a cada três habitantes".
"Não há nenhum país no mundo que reconheça os direitos britânicos nas Malvinas", acrescentou o chanceler, que afirmou que, de qualquer forma, viajará no domingo a Londres para se reunir com setores que são a favor do diálogo bilateral.
Timerman lembrou que a ONU emitiu 40 resoluções convocando Buenos Aires e Londres a negociar pela soberania das Malvinas, o que o país europeu se recusa a fazer.
Os dois países travaram uma guerra em 1982 por 74 dias que culminou com a rendição da Argentina, então governada por uma ditadura, e que deixou um saldo de 649 argentinos e 255 britânicos mortos.