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Reeleição de Obama poderia ter impacto na Rio+20

Embaixador brasileiro acredita que o governo democrata de Barack Obama receberia melhor as propostas do que um republicano

A presidente Dilma Rousseff conversou pessoalmente com Obama em Washington esta semana e reiterou o convite para a conferência (Jewel Samad/AFP)

A presidente Dilma Rousseff conversou pessoalmente com Obama em Washington esta semana e reiterou o convite para a conferência (Jewel Samad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2012 às 19h10.

Rio de Janeiro - O embaixador André Corrêa do Lago, negociador chefe da delegação brasileira para a Rio+20, disse nesta quarta-feira que a reeleição de Barack Obama nos EUA "talvez seja mais importante" do que a presença do norte-americano na conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que será realizada em junho, no Rio.

Corrêa do Lago fez a declaração durante seminário para jornalistas ao comentar uma pergunta sobre o eventual impacto da ausência de Obama na reunião de cúpula prevista para os dias 20, 21 e 22 de junho. Para o embaixador, a reeleição do democrata "pode ter um impacto muito grande sobre os resultados da Rio+20". "É óbvio que a presença do Obama seria muito bem-vinda. Mas não há nenhum analista que não saiba que a prioridade absoluta do presidente Obama no momento é tratar da sua reeleição. No fundo, a reeleição do Obama talvez seja mais importante do que a presença do Obama", disse Corrêa do Lago.

A presidente Dilma Rousseff conversou pessoalmente com Obama em Washington esta semana e reiterou o convite para a conferência. Na ocasião, ela defendeu indiretamente a reeleição do norte-americano: "Nós saudamos a melhoria ocorrida nos EUA. Tenho certeza de que esta será uma tônica nos próximos meses e anos, sob a liderança do presidente Obama".

Para Corrêa do Lago, é "evidente" que um governo como o de Obama daria segmento a decisões da Rio+20 "com muito mais empenho" do que o de um representante do partido republicano. "O governo do presidente Obama, de maneira muito transparente e direta, disse desde o início que fortalecia o multilateralismo, e a Rio+20 é uma reunião multilateral". Como contraponto, o embaixador citou o Canadá. "O Canadá atualmente está com um governo que não só não quis continuar no Protocolo de Kyoto mas, mais do que isso, também anunciou que não vai cumprir aquilo que disse que ia cumprir no primeiro período de compromisso de Kyoto. São questões internas que temos que aceitar", declarou. "Não há dúvidas de que há governos que são mais favoráveis ao multilateralismo do que outros. Isso não é uma questão de opinião, é uma questão muito clara".

Quinta-feira e sexta-feira, negociadores de 45 países que integram o G77 irão se reunir no Rio para uma discussão informal de temas do chamado rascunho zero do documento que será levado para a Rio+20. O encontro será fechado, sem a participação da imprensa. "Não será uma negociação formal, mas uma discussão para sentir como está o clima para a reunião de Nova York no fim de abril (quando será realizada mais uma reunião preparatória)", disse o embaixador. Após o último encontro na sede das Nações Unidas, no fim de março, ONGs criticaram a retirada de temas relacionados aos direitos humanos da pauta da Rio+20.

"Com o crescimento do documento, certas questões que pareciam razoavelmente tratadas tiveram sua relevância reduzida, e isso preocupa muito", comentou Corrêa do Lago. Segundo ele, se uma posição é aprovada pelo grupo dos 77, é muito difícil que não se consiga avançar e incluí-la no resultado final, ou pelo menos ter grande influência.


"Não é o documento em si o grande resultado da Rio+20, mas o processo que será lançado". O embaixador também apresentou o site www.riodialogues.org/. O objetivo é convocar especialistas mundiais para definir recomendações práticas que serão levadas à conferência.

A Rio+20 vai abordar dois temas principais: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza, além da estrutura da governança internacional para o desenvolvimento sustentável.

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