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Redes sociais são origem de imigração clandestina à Itália

Durante a semana passada, duas embarcações, "Blue Sky" e o "Ezadeen", chegaram às costas italianas após serem socorridas pelas autoridades


	Imigrantes no Mediterrâneo: primeira aproximação aos traficantes de pessoas ocorre por grupos no Facebook
 (AFP)

Imigrantes no Mediterrâneo: primeira aproximação aos traficantes de pessoas ocorre por grupos no Facebook (AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 14h46.

Roma - A rota da imigração clandestina parece ter mudado, e a Itália, ponte natural para a Europa, agora recebe navios carregados de imigrantes procedentes da Síria, cujo fluxo de pessoas é administrado por traficantes pelas redes sociais.

A informação foi revelada em uma reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal "La Repubblica", na qual os autores, Vittoria Iacovella e Fabio Tonacci, seguem todas os passos para conseguir uma passagem que permita o embarque nessas aventuras.

Durante a semana passada, duas embarcações, "Blue Sky" e o "Ezadeen", carregadas com centenas de imigrantes cada uma, a maioria sírios e iraquianos, chegaram às costas italianas após serem socorridas pelas autoridades do país.

O método costuma seguir o mesmo padrão. A tripulação abandona a embarcação com os imigrantes nas águas territoriais italianas, com o motor travado a uma velocidade determinada e o rumo fixado em direção ao litoral do país.

O jornal explica que a primeira aproximação aos traficantes de pessoas ocorre através de diferentes grupos formados no Facebook.

Foi por meio deles que os autores da reportagem conseguiram o número de telefone de centenas de imigrantes que ligam todos os dias para conseguir um lugar nessas embarcações.

Com a ajuda de um tradutor, falaram com o suposto traficante de pessoas para pedir um lugar para dois conhecidos e uma criança de 5 anos da Turquia que queriam viajar para Itália.

"Na próxima semana terá uma saída, se Deus quiser. Uma embarcação de 120 metros parte de Mersin (Turquia). O lugar vale US$ 6 mil por pessoa. A criança não paga", explicou, segundo o jornal.

O traficante também foi questionado sobre o método de pagamento a ser utilizado pelo serviço.

"Tem que depositar o dinheiro aqui (em uma agência turca) e, quando chegarem à Itália, nos enviam o código para poder sacá-lo. Não vou sacar antes, eu prometo", explicou.

Os autores também perguntaram ao traficante se é preciso levar algo durante a travessia clandestina.

"Na embarcação há tudo que você possa precisar. Os lugares para dormir são separados. Há um espaço para homens e outro para mulheres. Este último é muito mais cômodo que o outro. Cada um terá um travesseiro e um cobertor. O restante será distribuído a bordo", explica.

A organização, segundo a mesma fonte, providencia "tudo": compra as embarcações velhas, administra as balsas com as quais os imigrantes chegam aos navios, reparte os mantimentos e inclusive vendem passaportes e documentação.

Ao longo da conversa, foi perguntado se a organização poderia disponibilizar documentos para outros parentes que já estivessem na Itália.

"Um passaporte válido para dois anos custa US$ 1.500. Se quiser o que dura quatro anos, são US$ 1.700, o de seis custa US$ 1.800. Uma carteira de identidade custa US$ 500", afirmou.

Além disso, o traficante explicou que também é possível ir da Turquia à Alemanha por transporte aéreo, mas esse processo é mais caro: custa US$ 9 mil.

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