Reprodução de vídeo tirado do ar nas redes sociais: médicos afirmavam nas imagens que hidroxicloroquina era "cura" para covid-19 (Facebook/Reprodução)
Carolina Riveira
Publicado em 28 de julho de 2020 às 08h29.
Última atualização em 29 de julho de 2020 às 12h23.
Mais um capítulo na batalha entre o presidente americano, Donald Trump, e as redes sociais se desenrola nesta semana. Desta vez, o alvo não é diretamente o presidente, mas um vídeo do site Breitbart, que viralizou na segunda-feira, 27, com informações falsas sobre a pandemia do novo coronavírus.
As plataformas YouTube, Facebook e Twitter tiraram o vídeo do ar na noite de ontem. Quando foi retirado, o conteúdo já havia sido compartilhado nos perfis de Trump e de seu filho, Donald Trump Jr.
O vídeo acumulava 14 milhões de visualizações só no YouTube, segundo a CNN, com base em informações da plataforma de monitoramento de redes sociais CrowdTangle. Segundo a imprensa americana, o vídeo também foi amplamente compartilhado em grupos privados do Facebook nas mais de seis horas que ficou no ar.
Nas imagens, um grupo de médicos fazia afirmações de que a hidroxicloroquina era "a cura para a covid-19", infecção respiratória causada pelo coronavírus. Os médicos diziam ainda que "você não precisa de máscara". O coronavírus, contudo, não tem tratamento comprovado até agora.
Segundo as redes sociais, o vídeo foi retirado porque traz informações falsas de que haja uma suposta cura contra a covid-19.
O uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19 vem sendo estudado neste ano, mas os testes não a mostraram efetiva até o momento. Além de não ter sido comprovadamente eficaz no combate à doença, o uso também pode causar efeitos colaterais graves nos pacientes, com potenciais complicações no coração e no fígado.
A Organização Mundial da Saúde suspendeu parte dos estudos com a substância e recomenda que o uso da hidroxicloroquina e similares só seja feito com estrita supervisão médica.
"Tuítes com o vídeo violam nossa política de desinformação sobre a covid-19. Estamos tomando medidas em linha com nossa política", disse ao site Business Insider um porta-voz do Twitter sobre a remoção do vídeo do Breitbart.
Um porta-voz do Facebook, Andy Stone, também escreveu em seu perfil no Twitter que "Sim, nós o removemos [o vídeo] por compartilhar informação falsa sobre curas e tratamentos para a covid-19".
"Estamos mostrando mensagens no feed de notícias às pessoas que reagiram, comentaram ou compartilharam desinformação perigosa contra a covid-19 que tenhamos removido, conectando-as com mitos que foram desmentidos pela OMS", completou Stone.
Yes, we removed it for sharing false information about cures and treatments for COVID-19.
— Andy Stone (@andymstone) July 28, 2020
Os médicos que falam no vídeo seriam de um grupo chamado America's Frontline Doctors (médicos americanos da linha de frente, em tradução livre) que, segundo a rede NBC, foi criado neste mês de julho.
O vídeo em que aparecem é de uma coletiva de imprensa convocada por eles em que os médicos começam a, segundo eles, desmistificar informações sobre a pandemia. A coletiva de imprensa foi, então, reportada em vídeo pelo Breitbart.
O site é conhecido por suas posições de extrema-direita e foi um dos apoiadores da campanha de Trump à presidência em 2016.