Mundo

Rede de manipulação de resultados no futebol é desmantelada

380 partidas de futebol teriam sido manipulados, incluindo jogos da Liga dos Campeões e das eliminatórias para a Copa do Mundo


	O diretor da Europol: "em quase de 150 casos há evidência de manipulação. Em todos estes casos, jogadores, árbitros internacionais e dirigentes estão implicados"
 (Robin van Lonkhuijsen/AFP)

O diretor da Europol: "em quase de 150 casos há evidência de manipulação. Em todos estes casos, jogadores, árbitros internacionais e dirigentes estão implicados" (Robin van Lonkhuijsen/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de fevereiro de 2013 às 12h10.

Haia - A Europol, polícia europeia, anunciou nesta segunda-feira o desmantelamento de uma rede suspeita de ter manipulado partidas de futebol, incluindo jogos da Liga dos Campeões e das eliminatórias para a Copa do Mundo, o que implicaria árbitros, dirigentes e jogadores.

A investigação contou com a colaboração conjunta das polícias da Alemanha, Hungria, Eslovênia, Finlândia e Áustria e deduziu que, desde 2008, uma rede de apostas ilegais com base em Singapura pode ter manipulado o resultado de 380 partidas de futebol, o que implicaria cerca de 425 dirigentes esportivos, árbitros e jogadores.

"É evidente que se trata da maior investigação de todos os tempos sobre supostas manipulações de jogos", declarou o diretor da Europol, Rob Wainwright, em entrevista coletiva em Haia, afirmando também que o caso sacode a integridade do esporte no mundo todo.

"É o trabalho de uma organização criminosa sofisticada, com base na Ásia e que trabalha com coordenadores em toda a Europa", explicou.

"A manipulação de resultados é uma ameaça real ao futebol que implica muita gente. Os benefícios ilegais ameaçam a situação geral deste esporte", avisou Wainwright.

O diretor da Europol declarou também ter escrito ao presidente da Uefa, Michel Platini, explicando os resultados da investigação para que o futebol "tome nota e não baixe a guarda".

A denuncia da Europol afirma que a maioria das apostas ilegais foram feitas em partidas jogadas na Turquia, Alemanha e Suíça, mas jogos na América Latina, África e Ásia também estão sob suspeita.


Jogos da Liga dos Campeões, um deles disputado na Inglaterra, e algumas partidas válidas pelas eliminatórias da Copa do Mundo também fizeram parte do esquema.

As autoridades policiais não informaram os nomes das pessoas envolvidas, mas apontaram especificamente para o jogo entre Argentina e Bolívia, no qual um árbitro húngaro marcou um pênalti duvidoso a favor dos argentinos.

Os resultados da operação são expostos um mês após a Interpol declarar que a corrupção no futebol estava ajudando a impulsionar outras atividades criminosas como a prostituição, o tráfico de drogas e de armas, depois de vários escândalos.

A rede operava desde Cingapura, com apostas de 100.000 euros por partida, o que proporcionou ganhos de cerca de oito milhões de euros, de acordo com a Europol.

O caso mostra "a verdadeira natureza deste problema horroroso", que provocou perdas econômicas às empresas legais de apostas e credibilidade aos clubes e jogadores, declarou o chefe da polícia de Bochum (Alemanha), Firedhelm Althans.

Ralf Mutschke, ex-diretor da Interpol que atualmente trabalha para a Fifa em questões de segurança, advertiu em 16 de janeiro que nenhum campeonato no mundo estava a salvo da corrupção, pedindo aos governos que endureçam as legislações e se unam para lutar contra essas práticas ilegais.

O âmbito internacional deste problema ficou evidente no caso do empresário de Cingapura Wilson Raj Perumal, suspeito de manipular partidas em vários países e que está preso na Finlândia desde 2011 por ter subornado jogadores do campeonato deste país.

Seu nome também apareceu em outros casos registrados na África do Sul e no Zimbábue, mas a Europol evitou vincular Perumal com a grande rede desmantelada nesta segunda-feira.

Outro caso de corrupção no futebol foi o "Calciocommesse", um escândalo de apostas ilegais na Itália, onde vários jogadores da primeira divisão foram detidos, afetando a preparação da seleção italiana para a Eurocopa de 2012.

O chefe da Interpol, Ronald Noble, assegurou em novembro que um dos jogadores foi detido por causa de seu vínculo com o criminoso Tan Seet Eng.

Quatorze pessoas já foram condenadas e novas sentenças são esperadas.

*Matéria atualizada às 13h08

Acompanhe tudo sobre:Copa do MundoEsportesEuropaFutebolIrregularidades

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado