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Reconstrução do Japão mobilizará números astronômicos

Danos podem chegar até a 4% do PIB do país

Buscas continuam no Japão: autoridades registram 8.649 mortes e 13.261 desaparecidos (Paula Bronstein/Getty Images)

Buscas continuam no Japão: autoridades registram 8.649 mortes e 13.261 desaparecidos (Paula Bronstein/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2011 às 12h24.

Japão - O trabalho de reconstrução do litoral do Japão atingido pelo tsunami mobilizará números astronômicos para superar os danos equivalentes a até 4% do Produto Interno Bruto (PIB) japonês.

O Governo japonês prepara dois orçamentos extras para a reconstrução enquanto o Banco Mundial estimou nesta segunda-feira que serão necessários até cinco anos para superar a devastação causada pelo terremoto e tsunami do dia 11 de março na zona nordeste do país.

Até o momento as autoridades registraram 8.649 mortes e 13.261 desaparecidos pela catástrofe, que devastou regiões inteiras, destroçando milhares de edifícios, fechando fábricas, interrompendo o fornecimento de energia elétrica e materiais, e restringindo o comércio do Japão, muito dependente de seu setor exportador.

Segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Mundial, os danos causados pelo terremoto de 9 graus na escala Richter no Japão serão de US$ 122 bilhões a US$ 235 bilhões, ou seja, de 2,5% a 4% de seu PIB.

A necessidade de reconstruir milhares de infraestruturas destruídas se depara com uma economia japonesa com lento crescimento, a ameaça de um iene forte que limita suas exportações e uma elevada dívida pública (o dobro de seu PIB), que o Governo pretendia reduzir.

O Executivo ainda especificará suas necessidades orçamentárias, enquanto algumas financeiras estimam que o custo da reconstrução japonesa oscile entre 5 trilhões (43,5 bilhões de euros) e 10 trilhões de ienes (87 bilhões de euros).


Alguns políticos como Shizuka Kamei, do Novo Partido do Povo e que foi ministro com o governante Partido Democrático, consideram que inclusive 20 trilhões de ienes (174 bilhões de euros) "não seriam suficientes".

Desde sua chegada ao poder em junho de 2010, Naoto Kan insistiu na necessidade de diminuir a dívida pública e reformar o sistema de seguridade social no país que envelhece mais rapidamente do mundo e tem quase um quarto de sua população com mais de 65 anos.

Desde o terremoto, o Banco do Japão (BOJ) injetou um recorde de 38 trilhões de ienes (330,6 bilhões de euros) de liquidez nos mercados para evitar o pânico dos investidores e as quedas na Bolsa de Tóquio, nesta segunda-feira fechada por ser um dia festivo no Japão, pelo equinócio da primavera.

Junto ao Grupo dos Sete (G-7, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão), o Japão acordou com uma intervenção coordenada para diminuir o preço do iene, em níveis máximos frente ao dólar após o terremoto, já que o aumento da cotação da moeda japonesa complica o comércio e aumenta o custo da dívida.

A agência de qualificação Moody's indicou na semana passada que o custo fiscal do terremoto poderia deter os progressos para reduzir o déficit público, mas que o Japão tem elevadas economias para enfrentar o aumento das necessidades de financiamento do Governo.

A referência nesta segunda-feira para muitos analistas é o terremoto de Kobe em 1995, de 7,2 graus na escala Richter e que causou mais de 6,4 mil mortes, que leva o Banco Mundial a projetar que os fluxos comerciais japoneses se desacelerarão por apenas alguns trimestres.

Em 1995, as importações japonesas se recuperaram plenamente no prazo de um ano e as exportações voltaram a subir em 85% enquanto três sucessivos projetos orçamentários governamentais alcançaram os 4 trilhões de ienes (34,8 bilhões de euros).

A indústria seguradora, citada pelo jornal "Nikkei", acredita que o custo dos seguros alcançará nesta ocasião o recorde de 1 trilhão de ienes (8,7 bilhões de euros), frente os 80 bilhões de ienes (696 milhões de euros) do terremoto de 1995.

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