Osama bin Laden aparece como "morto" na lista do Programa de Recompensas por Justiça do Departamento de Estado americano (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2011 às 07h10.
Washington - Uma vez retirado Osama bin Laden da lista dos homens mais procurados pelos Estados Unidos, a pergunta que fica no ar é para onde irão os US$ 25 milhões que o Governo americano oferecia pela captura do líder terrorista, embora não falte pleiteantes pela recompensa.
O rótulo "morto" aparece desde segunda-feira ao lado do nome do líder da rede terrorista Al Qaeda na lista do Programa de Recompensas por Justiça do Departamento de Estado americano, que oferecia por Bin Laden uma das quantias mais altas de sua história.
Junto a esse rótulo, surgiu uma dúvida: se arquivada a operação de busca e captura, essa milionária recompensa ficará sem ser reivindicada e permanecerá, portanto, nos cofres públicos dos Estados Unidos?.
Deixar de entregar a recompensa de US$ 25 milhões pelo homem mais procurado do mundo parece um disparate, mas é possível que isso ocorra, tal como explicou à Agência Efe um funcionário do Departamento de Estado americano, que pediu para não ser identificado.
A complexa operação que resultou na prisão do mentor dos atentados de 11 de setembro de 2001 envolveu tantas fontes e agências que não existe uma só pessoa responsável por ter colocado Bin Laden no radar de Washington, o que complica notavelmente o processo de recompensa.
A isso se soma a complicada questão de que grande parte das informações foi obtida por detidos nas prisões secretas da CIA (agência de Inteligência americana), muitos deles "suspeitos de terrorismo" que "não parecem os destinatários mais prováveis" de cheques milionários assinados pelos EUA, reconheceu o funcionário.
Quem receber esses cheques deverá passar por um "longo" processo que se inicia necessariamente em um órgão envolvido na investigação do caso, seja o Departamento de Justiça, o FBI (polícia federal americana) ou a CIA.
Após avaliar as pistas fornecidas e outros fatores, como os riscos que a fonte correu ao entregar as informações, os órgãos americanos envolvidos enviam uma ou várias indicações à secretária de Estado, Hillary Clinton, que fica incumbida de aprová-las ou não.
Nesse rígido esquema, não resta espaço algum para apresentar solicitações individuais, mas isso não impediu que alguns já tenham começado a buscar meios de receber a milionária recompensa.
No topo dessa lista de pretendentes está Gary Faulkner, operário da construção civil do estado americano do Colorado, conhecido como o 'caçador' de Bin Laden, por sua apaixonada busca pelo líder terrorista, que o levou inclusive a ser preso no Paquistão quando tentava atravessar a fronteira com o Afeganistão em junho passado.
"Tive um papel muito importante neste assunto maravilhoso, tirando-o das montanhas e levando-o aos vales. Alguém tinha de levá-lo até lá. É aí que eu entrei", destaca Faulkner em entrevista à emissora americana "ABC", transmitida na última terça-feira.
"Assustei o esquilo para que saísse de sua toca, ele ergueu a cabeça e cobriram-na", acrescenta o homem de 52 anos, que diz ter feito sua caçada com uma espada de samurái e óculos de visão noturna.
Preso em dez ocasiões no Colorado por roubo de casas e violência doméstica, Faulkner garante que deu aos Estados Unidos "a oportunidade (de capturar Bin Laden) 'de bandeja'" e nega que o terrorista tenha vivido no complexo de Abbottabad (Paquistão) durante seis anos, tal como acredita o Governo americano.
"Não sou ambicioso, mas vendi tudo o que tinha e pus minha vida em jogo", exclama o 'caçador', que ressalta que irá apresentar um pedido de recompensa a Washington.
Em declarações à Efe, ele alega que, se os investigadores decidirem não entregar a recompensa a alguém, os US$ 25 milhões ficariam no fundo reservado pelo Departamento de Estado aos pagamentos por captura de terroristas e outros criminosos, e em último caso, entrariam dentro do orçamento do órgão.
O terrorista pelo qual os Estados Unidos oferecem agora a quantia mais alta - também US$ 25 milhões - é Ayman al-Zawahiri, braço direito de Bin Laden e seu provável sucessor à frente da Al Qaeda.
A maior recompensa da história americana foi de US$ 30 milhões, entregue a um iraquiano que forneceu informações sobre Uday e Qusay Hussein, filhos do ditador iraquiano Saddam Hussein, mortos em 2003 em um tiroteio com forças americanas.