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"Rebelião Internacional" contra mudanças climáticas toma cidades do mundo

Manifestantes pedem que se declare "emergência climática" e que governos estabeleçam para 2025 o objetivo de alcançar a neutralidade nas emissões de gases

O XR nasceu no final de 2018 no Reino Unido por iniciativa de um grupo de ativistas e acadêmicos que estimulam a desobediência civil não violenta. (Christian Mang/Reuters)

O XR nasceu no final de 2018 no Reino Unido por iniciativa de um grupo de ativistas e acadêmicos que estimulam a desobediência civil não violenta. (Christian Mang/Reuters)

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AFP

Publicado em 7 de outubro de 2019 às 19h34.

Militantes do movimento ecologista de desobediência civil Extinction Rebellion (XR) iniciaram nesta segunda-feira (7) uma mobilização de duas semanas com atos no mundo todo, de Sydney e Nova York a Londres e Paris, passando por Buenos Aires e Rio de Janeiro, em protesto contra a falta de ação ante as mudanças climáticas.

O XR nasceu no final de 2018 no Reino Unido por iniciativa de um grupo de ativistas e acadêmicos que estimulam a desobediência civil não violenta. Hoje diz ter 500 grupos em 72 países e conta com o apoio de Greta Thunberg, a adolescente sueca que inspirou protestos de estudantes em defesa do meio ambiente.

Os manifestantes pedem que se declare "emergência climática" e que os governos estabeleçam para 2025 o objetivo de alcançar a neutralidade nas emissões de gases causadores do efeito estufa.

Sua principal forma de protesto consiste em bloquear acessos, seja de tráfego, seja aos prédios, às vezes dando-se as mãos para formar correntes humanas, ou simplesmente sentando no chão. Participam destes atos centenas de "voluntários prontos para ser detidos".

Em Nova York, cerca de 200 manifestantes se reuniram no Battery Park para realizar uma "procissão fúnebre" até Wall Street, onde jogaram sangue falso na icônica estátua do touro, "Charging Bull".

"Precisamos de imagens como esta para conseguir a atenção das pessoas", disse James Comiskey, de 29 anos, à AFP, enquanto participava da marcha carregando um caixão feito de papelão. Dezenas de manifestantes foram presos.

No Rio, cerca de 20 pessoas se concentraram no fim do dia nas areias da Praia de Copacabana para um ato em volta de uma escultura representando o planeta Terra, cercada de cartazes com palavras de ordem, com críticas por exemplo ao uso de agrotóxicos, que tem tido um número recorde de licenças liberadas no país durante o governo de Jair Bolsonaro.

"O Brasil sempre foi um campeão das causas ambientais. Mas hoje a política do nosso governo é o oposto do que nós queremos. O Brasil é um lugar central para o movimento", explicou à AFP Pedro Bedin, um dos organizadores do ato.

Em Buenos Aires, meia centena de ativistas do movimento protestaram pacificamente.

Os manifestantes subiram na Torre dos Ingleses, no exclusivo setor do Retiro, e ali colocaram sua bandeira. Depois, fantasiados de fumigadores, entraram nas instalações da empresa Bayer Monsanto e denunciaram os efeitos nocivos do uso do glifosato, exibindo fotos das pessoas afetadas.

No Canadá, dezenas de pessoas bloquearam rodovias em Toronto, Halifax e Edmonton.

Prisões na Europa

Um total de 276 pessoas foram presas em Londres, onde os manifestantes bloquearam muitas ruas e protestaram em vários pontos próximos ao Parlamento e à sede do governo, em um ambiente festivo.

Dançando ao ritmo de tambores, centenas de ativistas, muitos com crianças pequenas, se reuniram perto de Downing Street com cartazes que diziam "O futuro pertence à próxima geração".

"Há muito mais policiais e claramente vão tentar impedir que o Extinction Rebellion ocupe o lugar durante dias", disse à AFP um ativista, Mike Buick, fabricante de móveis de 40 anos, comparando esta ação com as realizadas em abril, quando o XR manteve a capital britânica colapsada durante 11 dias de protestos que resultaram em mais de 1.100 prisões.

Paris se somou ao protesto global bloqueando uma ponte e uma plataforma sobre o Sena. "Nossos governos não fazem nada, ou mentem", disse uma jovem de 27 anos que participava da mobilização e se identificou como Aurora.

"Medidas de pressão"

Em Madri, cerca de 200 jovens fantasiados e maquiados para representar catástrofes naturais como a "desertificação", "as inundações" ou "os incêndios" se reuniram em frente ao Ministério para a Transição Ecológica, onde instalaram barracas com a intenção de acampar.

Chegou a hora de realizar "medidas de pressão muito mais contundentes, só uma revolução global, maciça, e com a desobediência civil não violenta pode gerar as mudanças necessárias para nossa sobrevivência", afirmou Mabel Moreno.

Mais de 90 manifestantes foram detidos em Amsterdã, informou a polícia da cidade holandesa, onde os ativistas afirmavam sua determinação de lutar contra a inação.

Em Viena a polícia também prendeu 75 pessoas por bloquearem uma das principais artérias do centro da cidade.

Em uma manhã gelada, também centenas de manifestantes se reuniram na "grande estrela" de Berlim, uma das principais rotatórias da cidade, equipados com mantas e sacos de dormir. E no parque entre o parlamento alemão e a sede do governo foi instalado um "acampamento climático" que durante a semana organizará grupos de trabalho e reuniões de informação.

Muitas cidades africanas também aderiram às mobilizações, como a Cidade do Cabo, na África do Sul, onde meia centena de pessoas marcharam no centro com um grande cartaz amarelo que dizia "Emergência climática ecológica", e os manifestantes deitaram no chão simulando estar mortos.

Marcando o início da "Rebelião Internacional", na Austrália os ativistas se reuniram na escadaria do Parlamento em Melbourne, antes de desfilarem pelas ruas da cidade. E em Wellington, a capital neozelandesa, vários militantes se acorrentaram a um carro rosa, o que provocou perturbações no centro.

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