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Rebeldes sírios pedem armas e zona de exclusão aérea

O pedido ocorre após a intensificação das operações do Exército auxiliado pelo Hezbollah libanês


	Rebeldes sírios preparam um foguete, em Alepo: de acordo com a ONU, mais de 93.000 pessoas morreram no conflito que deixou 1,6 milhão de refugiados e 4,25 milhões de deslocados.
 (Miguel Medina/AFP)

Rebeldes sírios preparam um foguete, em Alepo: de acordo com a ONU, mais de 93.000 pessoas morreram no conflito que deixou 1,6 milhão de refugiados e 4,25 milhões de deslocados. (Miguel Medina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 15h51.

Damasco - Rebeldes sírios lançaram um alerta, nesta quinta-feira, para a possibilidade de uma "catástrofe humanitária" caso não consigam armas pesadas para proteger as zonas civis, após a intensificação das operações do Exército auxiliado pelo Hezbollah libanês.

Temendo uma propagação do conflito para seu país, o presidente libanês, Michel Sleimane, pela primeira vez, exortou o Hezbollah xiita, grande aliado do regime de Bashar al-Assad, a por fim a sua participação nos combates, crucial nas recentes conquistas do Exército sírio.

A dois dias de uma reunião em Doha entre onze países que apoiam a oposição, o Exército Sírio Livre (ESL), principal integrante da rebelião, pediu mísseis antiaéreos e anti-tanques e uma zona de exclusão aérea.

"Precisamos de mísseis terra-ar de curto alcance MANPAD, de mísseis anti-tanques, de morteiros, de munições (...) de coletes à prova de balas e de máscaras de gás", declarou à AFP o porta-voz do ESL, Louai Mokdad.

Ele disse que seu grupo "se compromete a evitar que essas armas caiam nas mãos de grupos fora de controle ou extremistas", já que os ocidentais se recusam até o momento em fornecer armas, apresentando exatamente esse temor como justificativa.

O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, manteve essa postura, afirmando que seu país descarta o fornecimento de armamento à rebelião, algo que poderá se voltar contra ela.

Mas Mokdad alertou para o risco de "uma verdadeira catástrofe humanitária" em caso de recusa, acusando as tropas do regime de cometer massacres nas regiões retomadas.


Batalha perto de Damasco

O secretário de Estado, John Kerry, participará neste sábado da reunião dos "Amigos do Povo Sírio" com outros representantes de países árabes e ocidentais, para examinar os meios de ajudar os rebeldes e os esforços para organizar uma conferência de paz em Genebra.

Apesar disso, Moscou, aliado do regime Assad, afirmou que os ocidentais haviam recusado a se comprometer com uma data concreta porque não estavam seguros de que poderão convencer a oposição, que exige a saída de Assad, a participar.

Após a retomada de vários setores pelo Exército, o porta-voz do ESL afirmou que o regime prepara as tropas para uma ofensiva em torno de Damasco, na região de Aleppo (norte) e no centro.

Enquanto isso, uma importante batalha entre o Exército, apoiado pelo Hezbollah, e rebeldes, é travada nos subúrbios sul e leste de Damasco, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). As tropas tentam retomar as cidades de Zayabiya e Babila, o que os permitiria cortar o abastecimento dos insurgentes entrincheirados no sul de Damasco.

Vários bairros do sul e do leste da capital, incluindo Qaboun, Barzé, Jobar, Hajar al-Aswad e Qadam também registravam combates.

De acordo com militantes e rebeldes, o Hezbollah se mobiliza também no norte do país, preparando um ataque à segunda maior cidade do país, Aleppo.


Dia do refugiado

Considerando que "a intervenção do Hezbollah causa tensões no Líbano", o presidente Sleimane alertou que "se eles (o Hezbollah) participarem da batalha de Aleppo (...) isso atiçará ainda mais as tensões".

"Eles devem voltar para o Líbano", disse ainda o presidente libanês, cujo país, sob tutela síria durante 30 anos, está profundamente dividido entre pró e anti-Assad.

Em Aleppo, o OSDH denunciou uma situação de saúde "assustadora" na principal prisão, onde casos de tuberculose e de escabiose foram registrados entre os milhares de detentos.

Em outro plano, a Unesco incluiu na lista do patrimônio mundial em risco seis locais ameaçados pelos combates, em particular a cidade velha de Aleppo, que sofreu danos consideráveis desde o início da revolta contra o regime, de março de 2011, que se transformou em guerra civil.

De acordo com a ONU, mais de 93.000 pessoas morreram no conflito que deixou 1,6 milhão de refugiados e 4,25 milhões de deslocados.

Em ocasião do Dia Mundial do Refugiado, a oposição pediu que a comunidade internacional encontre "soluções práticas que impeçam o afundamento da Síria e permitam que os refugiados voltem para suas casas".

Ainda nesta quinta, o papa Francisco pediu ajuda aos refugiados e aos deslocados "que ainda são muito numerosos".

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