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Rebeldes prometem punir homem que arrancou e mordeu coração

Um homem apareceu em um vídeo arrancando o coração de um militar e o levando à boca, o que gerou indignação em todo o mundo


	Tropas sírias patrulham cidade de Haydariyah: o exército tentará determinar se o rebelde que aparece no vídeo é membro do Exército Sírio Livre
 (Joseph Eid/AFP)

Tropas sírias patrulham cidade de Haydariyah: o exército tentará determinar se o rebelde que aparece no vídeo é membro do Exército Sírio Livre (Joseph Eid/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2013 às 12h21.

Beirute - O Exército Sírio Livre (ESL) prometeu nesta quarta-feira "castigar com severidade" as atrocidades cometidas por seus homens, em meio à comoção mundial gerada por um vídeo que mostra um suposto chefe rebelde arrancando o coração e o fígado do cadáver de um soldado do regime de Assad.

"Qualquer ato contrário aos valores pelos quais o povo sírio pagou com seu sangue e perdeu seus lares não será tolerado, o culpado de abusos será castigado com severidade, mesmo que seja um membro do Exército Sírio Livre", o principal grupo armado da oposição, indicou o Estado-Maior do ESL em um comunicado.

O ESL afirma ter dado instruções para que "tenha início rapidamente uma investigação sobre este vídeo divulgado nas redes sociais e no qual a pessoa, que afirma ser membro do ESL, comete um ato monstruoso contra o cadáver de um suposto soldado do regime criminoso" de Bashar al-Assad.

"Os autores" deste vídeo serão detidos e julgados, prossegue o comunicado, e convoca os cidadãos sírios a não hesitar em informar a direção rebelde de "qualquer ato contrário à lei cometido por pessoas que se apresentam como membros do ESL ou de qualquer outro grupo combatente".

A direção rebelde também saúda "o papel desempenhado pelos jornalistas cidadãos para revelar este tipo de atos, no interesse de nossa causa".

O vídeo divulgado na segunda-feira provocou uma onda de condenações em todo o mundo, assim como entre os próprios militantes rebeldes, que consideram que desprestigia sua causa e prejudica suas tentativas de obter apoio ocidental.

Segundo a Human Rights Watch (HRW), o homem visto no vídeo retirando os órgãos de um cadáver de uniforme e levando o coração à boca ameaçando devorá-lo é "um comandante da brigada rebelde Omar al-Faruk", do ELS.


Interrogado via Skype pela revista americana Time, o rebelde, identificado como Khalid al-Hamad, diz ter agido deste modo depois de encontrar no celular do soldado morto vídeos mostrando que ele havia humilhado sua mulher, que estava nua, e suas duas filhas.

Nas imagens, o rebelde arranca o coração e o fígado do soldado de uniforme, antes de gritar: "Juramos diante de Deus que devoraremos seus corações e seus fígados, soldados de Bashar o cachorro!".

Em seguida, o insurgente se orgulha de ter outro vídeo no qual é visto cometendo outras atrocidades, um fenômeno crescente na guerra entre as tropas do regime de Assad e a rebelião.

Desde o início de março de 2011, após a explosão de uma revolta popular que se converteu em guerra civil, se multiplicaram os vídeos que mostram atrocidades no país. O regime e os rebeldes, que se enfrentam em um conflito que já deixou 94.000 mortos (segundo dados de uma ONG), se acusam mutuamente de crimes de guerra e contra a humanidade.

No âmbito diplomático, o regime sírio rejeitou qualquer solução que implique uma saída do poder de Assad, diante da perspectiva de uma conferência internacional proposta por Estados Unidos e Rússia.

"A Síria não aceitará nenhum diktat e seus amigos também não aceitarão", proclamou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faysal Moqdad, em entrevista na noite de terça-feira à rede oficial síria Al-Ijbariya. Rússia e Irã são os principais aliados do regime sírio.

No campo de batalha, o exército sírio, apoiado por tanques e pela aviação, tentava nesta quarta-feira deter um ataque de rebeldes contra a prisão central de Aleppo (norte), onde milhares de pessoas estão detidas, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, próximo aos rebeldes).

Cerca de 4.000 presos, entre eles islamitas e criminosos de direito comum, estão detidos nesta prisão localizada na periferia de Aleppo, uma região controlada majoritariamente pelos rebeldes.

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