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Rebeldes e partidários de Kadafi já se enfrentam no leste da Líbia

Tiros para o alto, correria, gritos, movimentos de baterias antiaéreas marcam o encontro dos opositores

Muammar Kadafi, ditador líbio: "não há demonstrações pacíficas na Líbia" (Mahmud Turkia/AFP)

Muammar Kadafi, ditador líbio: "não há demonstrações pacíficas na Líbia" (Mahmud Turkia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2011 às 07h24.

Ajdabiya- Uma multidão de cerca de mil homens se agita no último 'check-point' (posto de controle) na saída da cidade de Ajdabiya. Tiros para o alto, correria, gritos, movimentos de baterias antiaéreas e, ao longo, se vê a aproximação de um avião-caça. Não resta dúvida: os combates entre as forças rebeldes e os partidários de Kadafi chegaram ao leste da Líbia.

"Brega, a 80 km daqui, caiu nas mãos dos mercenários de Kadafi", diz, nervoso, Ibrahim, com um Kalashnikov na mão, debaixo do arco de entrada de Ajdabiya, 850 km ao leste de Trípoli e na primeira linha da região oriental, controlada pelas forças opositoras ao regime do coronel líbio.

A bateria antiaérea dispara e o caça dá meia volta antes de chegar à cidade. O povo lança um clamor de vitória.

"Esta manhã já houve bombardeios perto daqui, contra o depósito de munições", acrescentou Ibrahim.

Em volta do arco, a multidão duvida se deve avançar ou montar uma defesa. Os mais preparados levam fuzis de assalto AK-47. Outros andam com revólveres e alguns ainda levam facas longas.

Em meio à incerteza e ao temor, Ajman, membro da rebelião que chega de carro vindo do oeste, avisa que Brega foi libertada.

"Alá é grande, Alá é grande", gritam todos, enquanto ressoam tiros para o alto.

"Entraram em Brega de manhã cedo. Agora saíram. Há pelo menos dois mortos", conta o rebelde.

Atrás chega outro carro com duas pessoas a bordo. São funcionários de uma companhia petroleira baseada em Brega e partiram esta manhã depois que as tropas de Kadafi lançaram seu ataque.

"Acordei por volta das sete da manhã com o barulho dos tiros. Quando saí, vi mercenários de Kadafi controlando as portas de entrada da companhia", explica Ahmed Ali, contador.

"Revistaram nosso carro, procuraram para ver se tínhamos armas e nos deixaram partir", acrescenta.

Outras testemunhas chegam ao local. O relato se torna confuso e é preciso falar com muitas pessoas para tentar entender o que aconteceu.

"As tropas de Kadafi estavam acampando a uns 40 km de Brega. De madrugada, avançaram sobre a cidade para tomar objetivos estratégicos: companhias petroleiras, o aeroporto e o gasoduto que leva gás para Benghazi", conta Mushala, engenheiro de uma usina em Brega.

"Houve vários mortos, pelo menos dois e até quinze", acrescenta. À noite, o balanço era de pelo menos 10 mortos e dezenas de feridos a bala.

Do posto de controle de Ajdabiya partem para o oeste caminhonetes com pessoas armadas. "Para Brega, para Brega. Alá é grande, Alá é grande", gritam, exibindo os canos de seus Kalashnikov pelas janelas.

Atrás das barricadas de terra à margem da estrada, os homens aguardam tensos em volta das baterias antiaéreas posicionadas no local.

Alguém anuncia que um avião-caça caiu a 15 km. Outros dizem que foi derrubado em Brega. Também se fala de um helicóptero.

"A cidade foi libertada. Só restam tropas de Kadafi na universidade", continua Mushala.

Mas a estas palavras tranquilizadoras se opõe o depoimento de outra testemunha, Fathi Abdala, que assegura que o acesso de Brega está sob controle das forças pró-Kadafi.

Já são cerca de duas da tarde. O sol castiga e a poeira irrita a garganta. Alguns homens compartilham garrafas d'água e suco. A uns 50 metros da estrada, cerca de 300 pessoas se juntam e, voltadas para o leste, começam a rezar.

Várias horas depois, quando o sol começa a cair, a oposição a Kadafi afirmava que o ataque foi repudiado e Brega está outra vez em suas mãos, apesar de os aviões-caça lançarem dois mísseis contra a população em meio às comemorações.

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