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Rebeldes do sul da Síria voltarão a negociar após bombardeios

Durante a noite de quarta e o dia de quinta-feira, "centenas" de mísseis e barris de explosivos foram lançados pelas aviações da Síria e de sua aliada russa

Síria: pela primeira vez em mais de três anos, forças do regime conseguiram alcançar a fronteira de Daraa (Alaa al-Faqir/Reuters)

Síria: pela primeira vez em mais de três anos, forças do regime conseguiram alcançar a fronteira de Daraa (Alaa al-Faqir/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de julho de 2018 às 19h24.

Os rebeldes do sul da Síria, que nesta quinta-feira (5) foram alvo de uma chuva de fogo sem precedentes por parte do regime nesta região, anunciaram um retorno à mesa de negociações com os russos, que querem convencê-los de entregarem as armas.

Durante toda a noite de quarta-feira e o dia de quinta-feira, "centenas" de mísseis e barris de explosivos foram lançados pelas aviações de Síria e de sua aliada russa em áreas rebeldes, em particular perto da cidade de Daraa, capital da província homônima, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

"Trata-se da noite mais dura e violenta desde o começo da ofensiva do regime e das forças de ocupação russas", escreveu no Twitter um militante sírio, Omar al-Hariri, presente em Daraa.

Segundo Bahaa Mahameed, um médico que trabalha na parte ocidental de Daraa, muitos civis feridos foram transferidos para sua clínica. "Sequer temos espaço para eles", contou.

"Os bombardeios não pararam nenhum momento", declarou à AFP Samer Homsi, de 47 anos, que fugiu da cidade de Daraa com sua esposa e os quatro filhos.

Os rebeldes, encurralados, não têm mais opção além de retomar as negociações iniciadas na semana passada e que na quarta-feira foram declaradas fracassadas.

"Inferno"

"Foram retomadas as conversas", disse à AFP Husein Abazeed, porta-voz das operações rebeldes no sul.

"Acordamos um cessar das hostilidade imediatamente de ambas as partes para realizar uma nova rodada de negociações. Pedimos garantias reais e o auspício da ONU para as negociações", indicou em um comunicado o comando rebelde.

Ao mesmo tempo, o OSDH indicou que os bombardeios no sul pararam após 24 horas de ataques.

Segundo um correspondente da AFP que estava na entrada da cidade de Daraa, os bombardeios desta quinta foram os mais violentos desde o início da ofensiva, lançada em 19 de junho pelo regime para recuperar a totalidade da província, limítrofe com Jordânia e com as Colinas do Golã, ocupadas em parte por Israel.

Na cidade de Saida, a oeste da província, seis civis, entre eles uma mulher e quatro crianças, morreram nos bombardeios, segundo o OSDH. Já são 149 civis mortos, deles 30 crianças, desde 19 de junho, indicou a ONG.

Posteriormente, o regime recuperou Saida, segundo meios de comunicação oficiais e o OSDH.

Pela primeira vez em mais de três anos, as forças do regime conseguiram alcançar, nesta quinta-feira, a fronteira de Daraa, de acordo com o OSDH.

Os rebeldes deixaram para as forças do regime uma ampla faixa fronteiriça, de 275 km2, detalhou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Mas continuam controlando o principal posto fronteiriço, Nasib, assinalou.

Os bombardeios contra o sul do país foram retomados na quarta-feira, depois que fracassaram as negociações com os representantes russos, que buscam, em nome do regime, convencer os insurgentes a depor as armas.

Após recuperar amplos setores do território graças ao apoio militar russo, o regime tem agora a mira nas províncias meridionais de Daraa e Quneitra.

Em suas reconquistas, o poder adotou uma estratégia que mistura bombardeios mortais e negociações para os chamados acordos de "reconciliação", que assemelham mais a uma capitulação.

Em virtude desses acordos, mais de 30 localidades da província de Daraa ficaram sob controle do regime, além das recuperadas pela força, o que lhe permitiu controlar mais de 60% da localidade.

Reunião da ONU

Todas as iniciativas internacionais de encontrar uma solução para a guerra da Síria fracassaram.

Nesta quinta-feira, a Rússia vetou no Conselho de Segurança da ONU uma resolução sobre a situação no sul.

A violência nesta região provocou 330 mil deslocados desde 19 de junho, de acordo com a ONU. Alguns se refugiaram perto da fronteira jordaniana e israelense, desamparados.

Nem Jordânia nem Israel querem acolhê-los. A organização Human Rights Watch (HRW) pediu a esses dois países que abram as suas fronteiras.

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