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Rebeldes do Iêmen aceitam fim dos combates na capital

Rebeldes xiitas concordaram em terminar confrontos com combatentes sunitas em Sana


	Soldado em posto de controle no Iêmen: onda de violência se acentuou na quinta
 (Khaled Abdullah/Reuters)

Soldado em posto de controle no Iêmen: onda de violência se acentuou na quinta (Khaled Abdullah/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2014 às 12h51.

Sana - Os rebeldes xiitas do grupo Ansarualah concordaram nesta sexta-feira em acabar com os confrontos com os combatentes sunitas do partido Al-Islah em Sanaa, que forçaram a suspensão dos voos na capital, anunciaram nesta sexta-feira os negociadores.

O acordo acontece num contexto de intensificação dos combates perto do aeroporto da capital.

Na quinta-feira quase 40 pessoas morreram em confrontos entre os simpatizantes do partido islamita sunita Al-Islah e o exército, por um lado, e os rebeldes xiitas de Ansarullah, por outro, no norte de Sanaa, onde se localiza o aeroporto.

A emissora pública de televisão, alvo de tiros, precisou interromper brevemente suas transmissões.

Segundo um dos negociadores do acordo, obtido pelo mediador da ONU no Iêmen Jamal Benomar, o "líder dos rebeldes, Abdel Malek Huthi, designou dois de seus adjuntos para assinar o acordo em Sanba nas próximas horas ou neste sábado".

No início da semana passada, autoridades haviam informado sobre um acordo iminente para tirar o país da crise, mas os combates foram retomados no dia seguinte.

Após o anúncio deste acordo, os combates diminuíram de intensidade com tiros esporádicos na capital, segundo um correspondente da AFP no local.

Ainda não há detalhes sobre os termos deste acordo, que parece coroar os esforços de Benomar, que tenta há dias obter um cessar-fogo.

Negociadores da presidência da República também estão em presente em Saada (norte), reduto do Ansaruallah, para discussões com o líder da rebelião.

Voos suspensos durante 24 horas

Os rebeldes de Ansarullah, suspeito de querer brigar com o partido Al-Islah que detém importantes postos no governo, exigiam para parar os combates a renúncia do governo, acusado de corrupção, direito de opinar na nomeação dos ministro e um acesso ao mar.

Os rebeldes rejeitaram em agosto uma proposta presidencial sobre a nomeação de um novo primeiro-ministro e uma redução no polêmico aumento dos preços do combustível, duas de suas principais reivindicações.

Há mais de um mês, eles acampam em Sanaa e em seus arredores, sobretudo na estrada que leva ao aeroporto da capital. A onda de violência se acentuou na quinta-feira com o avanço dos rebeldes armados no norte de Sanaa.

Em função da situação, as companhias aéreas suspenderam seus voos ao aeroporto internacional de Sanaa, conforme anunciou a Autoridade da Aviação Civil.

A medida entrou em vigor durante a noite por um período de ao menos 24 horas, acrescentou a fonte.

"As companhias aéreas árabes e estrangeiras decidiram suspender seus voos a Sanaa por 24 horas devido à situação na capital", anunciou pela noite a aviação civil em um comunicado.

Esta medida será prolongada ou reconsiderada "em função (da evolução) das condições de segurança na capital", segundo o comunicado, citado pela agência oficial Saba.

Avanço na capital

Outra consequência dos combates, os três canais da televisão pública iemenita pararam de fazer transmissões nesta sexta-feira devido aos intensos disparos contra sua sede em Sanaa, indicou um funcionário do setor audiovisual

"As emissões cessaram devido aos tiros dos huthis (insurgentes xiitas) que continuam ininterruptamente desde a noite de quinta-feira", declarou este funcionário.

Os rebeldes avançaram no norte da capital e, segundo moradores, as forças do governo conseguiram no início desta manhã retomar algumas de suas posições.

Esses huthis - partidários do zaidismo, um ramo do xiismo majoritário no norte do Iêmen, enquanto a nível nacional os sunitas predominam - chegaram em julho às portas de Sanaa, tomando a cidade de Amrane, de onde aceitaram se retirar.

Eles controlam a região de Saada e são suspeitos de querer expandir sua esfera de influência num futuro Estado federal que deve ter seis províncias.

O Iêmen, país muito pobre da da Península Arábica, é palco de graves distúrbios. Também enfrenta a instabilidade dos separatistas no sul e a violência endêmica causada pela Al-Qaeda.

*Atualizada às 12h51 do mesmo dia.

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