Mundo

Rebeldes avançam para reduto de Kadhafi

Rebeldes assumiram na sexta-feira o controle da principal passagem de fronteira com a Tunísia e prosseguiram com o avanço no sábado

Rebeldes líbios dirigem por uma rua em Trípoli (Filippo Monteforte/AFP)

Rebeldes líbios dirigem por uma rua em Trípoli (Filippo Monteforte/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2011 às 13h42.

Os rebeldes líbios se aproximavam de Sirte neste domingo e afirmaram estar a apenas 30 km ao oeste e a 100 km ao leste do reduto dos partidários de Muamar Kadhafi, ao mesmo tempo que anunciaram a libertação de 10.000 prisioneiros do antigo regime de Muamar Kadhafi.

"Acreditamos que entre 57.000 e 60.000 pessoas foram detidas nos últimos meses", disse o porta-voz militar dos rebeldes, Ahmed Omar Bani, em uma entrevista coletiva na cidade de Benghazi (leste).

"Entre 10.000 e 11.000 foram libertados. Onde estão os demais?", perguntou.

"Muitos habitantes de Trípoli estão encontrando valas comuns nos arredores dos centros de detenção e da penitenciária de Abu Slim", declarou.

Os insurgentes também destacaram seus avanços no campo de batalha.

"No leste conquistamos Ben Jawad, a 140 quilômetros de Sirte, e ao oeste outros combatentes rebeldes estão a 30 km desta cidade", declarou Mohamed al-Fortiya, comandante das forças rebeldes que atuam na região.

"Estamos negociando com as tribos da região para que Sirte se rendam pacificamente", completou.

Mas os rebeldes anunciaram que não estão dispostos a aceitar negociações intermináveis em Sirte. Kadhafi nasceu na região de Sirte, 360 km ao leste da capital líbia, onde os rebeldes suspeitam que pode estar escondido.

"As negociações prosseguem e nós queremos unificar a Líbia muito rapidamente", afirmou o porta-voz do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmud Chammam.

"Mas não teremos negociações intermináveis", ameaçou o porta-voz, que pediu um acordo rápido para evitar uma intervenção militar.


No sábado, as forças leais a Kadhafi ainda resistiam em Ben Jawad, depois do bombardeio de rebeldes bloqueados em Ras Lanuf, 20 quilômetros ao leste.

Os rebeldes assumiram na sexta-feira o controle da principal passagem de fronteira com a Tunísia e prosseguiram com o avanço no sábado.

No Cairo, o presidente do conselho executivo (governo) do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político da rebelião), Mahmud Jibril, liderou pela primeira vez no sábado a delegação líbia em uma reunião extraordinária da Liga Árabe para discutir a situação na Síria e na Líbia.

O número dois da rebelião destacou que o CNT precisa com urgência de ajuda financeira. Ele advertiu que pode existir "instabilidade" no país caso os rebeldes não consigam pagar os salários dos funcionários nem restabelecer os serviços básicos à população.

Os ministros árabes pediram à comunidade internacional a revogação da decisão de bloquear os fundos e os bens do Estado líbio. Também pediram que o CNT tenha permissão para ocupar a vaga da Líbia na ONU e em suas diversas organizações.

Oito dias depois do início da ofensiva militar rebelde contra a capital foram registrados novos incidentes na noite de sábado em Trípoli, onde se ouviram explosões isoladas e rajadas de tiros. Mas não foi possível determinar se eram festejos ou tiroteios.

Os rebeldes anunciaram no sábado controlar "totalmente" o aeroporto internacional de Trípoli, assim como o bairro vizinho que era controlado por forças de Kadhafi.

Em Trípoli, a vida volta aos poucos ao normal e algumas lojas abriram as portas, mas a falta de alimentos e produtos básicos provoca um aumento de preços. A gasolina, por exemplo, custa 20 vezes mais que antes da insurreição e o leite vale o dobro.

Mas 70% dos habitantes do centro de Trípoli estavam sem acesso à água potável, que era distribuída nas mesquitas, segundo fontes do CNT.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDitaduraGuerrasLíbiaMuammar KadafiPolíticos

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA