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Real valorizado impõe necessidade de acordo com a UE, diz Patriota

Patriota defendeu a necessidade de que a UE e o Mercosul selem um acordo de livre comércio "de benefícios mútuos"

O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 18h59.

Bruxelas - O chanceler Antonio Patriota destacou nesta quarta-feira as "dificuldades" que o Brasil enfrenta com a apreciação do real - o que poderá repercutir nas negociações de um tratato de livre comércio entre UE e Mercosul.

Em seu primeiro encontro com autoridades europeias, Patriota, chanceler do novo governo de Dilma Rousseff, defendeu a necessidade de que a UE e o Mercosul selem um acordo de livre comércio "de benefícios mútuos".

Ele conversou sobre o assunto, em Bruxelas, com o presidente do bloco, Herman Van Rompuy, e a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

"O grande desafio será encontrar bases de entendimento" entre ambos os blocos, afirmou o chanceler à imprensa, prometendo que a participação brasileira na próxima rodada de negociações prevista para a semana de 14 de março em Bruxelas terá "espírito construtivo".

Mas Patriota também quis informar as autoridades europeias sobre as "atuais dificuldades" enfrentadas pelo Brasil, em especial, a valorização do real e a "situação preocupante" dos produtos manufaturados, cujas exportações ficaram, em 2010, atrás dos produtos básicos pela primeira vez em várias décadas.

A escalada da moeda brasileira preocupa o novo governo, já que penaliza suas exportações e, portanto, pode condicionar as negociações para um acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) no qual o objetivo seja derrubar o maior número de tarifas alfandegárias aplicadas nas transações.

Ambos os blocos retomaram as negociações em maio de 2010, depois de uma interrupção de seis anos, motivada pela paralisação da rodada de Doha, à qual estavam submetidas.

O objetivo é fechar o acordo no fim do primeiro semestre de 2011, após três rodadas de negociações previstas para ocorrerem até julho.

"Concordamos sobre a importância de uma conclusão exitosa das negociações em 2011", afirmou, por sua vez, em um comunicado, Ashton, ao falar sobre sua reunião com Patriota.

O chanceler disse esperar, por outro lado, que as negociações no seio da Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a rodada de Doha possam ser retomadas e concluídas em um "prazo relativamente breve".

O chanceler explicou que na sexta-feira terá um jantar de trabalho com seus colegas americano, chinês, japonês, australiano, indiano e o comissário europeu de Comércio, Karel de Gucht, para tentar avançar nesse sentido, paralelamente ao Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), para onde seguirá após sua estadia em Bruxelas.

Por outro lado, Patriota e Ashton concordaram em "trabalhar para conseguir uma maior cooperação em assuntos bilaterais e globais, incluindo direitos humanos", segundo o comunicado da chefe da diplomacia europeia.

A britânica adiantou também que a próxima cúpula anual UE-Brasil ocorrerá em 4 de outubro em Bruxelas e indicou que prevê visitar o país na próxima primavera no Hemisfério Norte (outono no Hemisfério Sul), sem informar uma data.

A UE e o Brasil mantêm desde 2007 uma Associação Estratégica, que permitiu reforçar seus vínculos econômicos e comerciais.

A Europa é o principal sócio comercial do Brasil e as trocas comerciais superaram os 74 bilhões de dólares em 2010.

Antes de concluir sua visita em Bruxelas, o chanceler previa reunir-se com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

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