Mariano Rajoy: "É preciso serenidade, paciência e precisão porque o terreno em que nos movemos é extraordinariamente complexo", alertou Rajoy. (AFP/ Georges Gobet)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2013 às 16h28.
Madri - Encurralado pela crise e o mal-estar social, o chefe do governo conservador espanhol, Mariano Rajoy, defendeu nesta quarta-feira, no Congresso, seu primeiro ano de gestão, dizendo que salvou a Espanha do "naufrágio", e negou que exista uma "corrupção generalizada" no país.
Durante a abertura do debate parlamentar sobre a nação, Rajoy defendeu sua política de austeridade depois de sua chegada ao poder no final de 2011, afirmando que as medidas tomadas foram "impostas pela ruína que ameaçava" a Espanha.
Em um discurso em que defendeu os cortes econômicos, o chefe de governo também abordou as suspeitas de corrupção que questionam sua autoridade e dividem seu partido, o Partido Popular: "não é verdade que, na Espanha, haja um estado geral de corrupção", afirmou.
O tom vitorioso de Rajoy contrastou com a crítica intervenção do líder da oposição socialista, Alfredo Pérez Rubalcaba: "sua gestão, senhor Rajoy, foi simplesmente desastrosa. O resultado desta política é visível: recessão, desemprego e desigualdade", atacou.
"A corrupção é um veneno para a democracia, mas a mistura de desemprego de massa, empobrecimento do país, aumento da desigualdade e um escândalo que contamina o partido do governo é explosiva para nosso sistema político", afirmou o líder socialista, acrescentando que Rajoy não está capacitado para dirigir o país.
Na origem do profundo mal-estar da opinião pública está o programa de austeridade lançado pelo governo para sanear as contas públicas, o que provocou numerosas mobilizações sociais e, segundo alguns economistas, é um obstáculo para o crescimento.
Inúmeros sindicatos, especialmente relacionados à educação e à saúde, associações e partidos minoritários organizam para sábado uma "maré cidadã" para denunciar estas medidas que, em sua opinião, significam "um golpe de Estado financeiro".
Apesar desses grandes esforços, ou talvez devido a eles, a quarta economia da zona do euro, em sérias dificuldades desde o estouro da bolha imobiliária em 2008, entrou pela segunda vez em recessão no final de 2011 e apresenta uma taxa de desemprego de 26,02% da população ativa.
O déficit público, anunciou Rajoy, ficará em 2012 "abaixo de 7%" do PIB depois de ter alcançado 9,4% em 2011: um resultado pouco acima do limite de 6,3% negociado com Bruxelas, mas inferior a das previsões mais pessimistas.
Apesar das perspectivas negativas para 2013, o chefe de governo afirmou que a gestão em seu primeiro ano no poder permitiu "deixar atrás a iminência do desastre" e "evitar o naufrágio" da Espanha.
"Começamos a ver o caminho do futuro", acrescentou, apesar de admitir que "o caminho a ser percorrido ainda é longo" e "a realidade social terrivelmente dura".
Após o programa de austeridade para economizar cerca de 150 bilhões de euros em três anos, Rajoy anunciou "uma segunda geração de reformas" para impulsionar a criação de emprego e a atividade das pequenas e médias empresas.
Essas novas medidas se concentrarão especialmente em fomentar o emprego entre os jovens, que sofrem uma taxa de desemprego acima de 55%.
Por isso, o governo oferecerá incentivos fiscais aos empresários que contratem em tempo parcial jovens menores de 30 anos, disse Rajoy.
As novas reformas também incluem a flexibilização do pagamento do IVA a partir de 2014 para estimular a atividade das pequenas e médias empresas destinadas a facilitar o acesso dos empreendedores a um fundo de financiamento dotado com 45 bilhões de euros.
Estas medidas de estímulo sucederão a um programa severo de austeridade lançado em 2012 que incluía cortes orçamentários nas funções públicas, especialmente em saúde e educação, o aumento do IVA e a redução das prestações por desemprego.
Para 2013, o governo prevê que a recessão deve continuar com uma queda do PIB de 0,5%, uma cifra que as organizações internacionais consideram como muito maior, antes de voltar a crescer em 2014.
"É preciso serenidade, paciência e precisão porque o terreno em que nos movemos é extraordinariamente complexo", alertou Rajoy.