Há 31 anos, o litígio por Gibraltar levou os reis da Espanha a cancelar sua presença no casamento do príncipe Charles com Diana de Gales (Dominique Faget/AFP)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 15h22.
Madri - A rainha Sofía da Espanha cancelou nesta quarta-feira a viagem a Londres que faria na próxima sexta-feira, por ocasião do Jubileu de Diamante de Elizabeth II, porque o governo espanhol o considera "pouco adequado" devido à visita programada a Gibraltar do príncipe Edward da Inglaterra.
Fontes da Casa Real afirmaram que a participação da rainha em um almoço previsto no marco das celebrações do 60º aniversário de coroação de Elizabeth II foi cancelada porque, "nas circunstâncias atuais", o governo espanhol considera "pouco adequada" sua presença no evento.
As mesmas fontes disseram que a Casa Real informou a seu par britânico ainda nesta tarde que a rainha Sofía não participará do almoço que será oferecido na sexta-feira por Elizabeth II e o duque de Edimburgo no castelo de Windsor, sem detalhar os motivos da ausência.
Fontes diplomáticas detalharam à Agência Efe que o conflito aberto após a ruptura das negociações entre os pescadores espanhóis e o governo gibraltarino para tentar solucionar o bloqueio pesqueiro na baía de Algeciras foi o estopim definitivo que levou o Executivo espanhol a aconselhar à Casa Real o cancelamento da viagem.
Este conflito se soma à prevista visita a Peñón do filho mais novo de Elizabeth II e sua esposa programada para o próximos dia 11 de junho.
Além disso, é preciso acrescentar uma terceira circunstância: nos atos comemorativos do 60º aniversário de Elizabeth II no trono soaria música interpretada pela banda do regimento britânico de Gibraltar.
Há 31 anos, o litígio por Gibraltar levou os reis da Espanha a cancelar sua presença no casamento do príncipe Charles com Diana de Gales.
Em 1981 foi a decisão de Charles e Diana de fazer escala em Peñón durante sua viagem de namorados, no iate Britannia, que levou os monarcas espanhóis a declinar o convite.
Desde então se sucederam as visitas de membros da família real britânica à colônia e os consequentes protestos do governo espanhol.
A última viagem real foi protagonizada pela princesa Ana, irmã de Edward, que inaugurou em 2009 um centro médico militar.
Na ocasião, a visita foi tachada pelo Ministério de Exteriores de "inoportuna" e o ministro Miguel Ángel Moratinos comunicou a seu colega britânico, David Miliband, "a rejeição, a consternação e a indignação do governo" de Madri.
O príncipe Edward, que deve viajar para Gibraltar entre 11 e 13 de junho, já esteve em Peñón em 2001 para entregar prêmios da Fundação Duque de Edimburgo a jovens gibraltarinos.
Naquela ocasião estava à frente do Ministério de Exteriores, Josep Piqué, que informou que tinha repassado à embaixada britânica em Madri o "desagrado" e a "incomodidade" da Espanha.
No último dia 8 de maio, o Ministério de Relações Exteriores da Espanha convocou o embaixador britânico para transmitir seu "desgosto e mal-estar" pela visita que o filho mais novo da rainha Elizabeth II fará a Gibraltar em junho.