O presidente do Equador, Rafael Correa, fala à repórter da AFP: "o Washington Post acusa o Equador duas vezes. Que descaramento!", escreveu Correa em sua conta no Twitter (Vanderlei Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de junho de 2013 às 14h15.
Quito - O presidente do Equador, Rafael Correa, criticou nesta quarta-feira um editorial do jornal The Washington Post que atacou sua decisão de considerar um asilo político a Edward Snowden, ex-consultor da CIA acusado de espionagem nos Estados Unidos.
"O Washington Post acusa o Equador duas vezes. Que descaramento!", escreveu em sua conta no Twitter o presidente, que na segunda-feira declarou que seu governo decidirá se concederá asilo ao americano com "soberania absoluta".
"Vocês percebem o poder da imprensa internacional? Eles conseguiram centrar a atenção em Snowden e nos países do "mal" que o "apoiam", fazendo-nos esquecer as coisas terríveis denunciadas contra o povo americano e de todo o mundo. A ordem mundial não é apenas injusta, é imoral", acrescentou.
Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana e que está em Moscou, revelou a existência de programas de vigilância eletrônica em massa pelos serviços de inteligência dos Estados Unidos.
No editorial publicado na segunda-feira, o jornal observou que "Correa ficou conhecido por perseguir os jornalistas em seu próprio país e por tentar destruir a Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA)" .
"Se Snowden tivesse vazado as informação a partir do Equador, não só ele, mas qualquer jornalista que recebesse suas informações, poderia estar sujeito a uma sanção financeira, seguida de processo", indicou o jornal, lembrando ainda que Quito concedeu asilo ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que vazou milhares de documentos confidenciais dos Estados Unidos.
The Washington Post ressaltou que Correa pretende suceder o presidente venezuelano Hugo Chávez como "o mais proeminente demagogo anti-americano do hemisfério".
Se Correa receber Snowden "abrirá o caminho para que se evidencie que o ódio aos americanos tem seu preço", disse.