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Rádio transmite esperança aos afetados pelo tufão Haiyan

Uma equipe se dedica para dar às vítimas do tufão Haiyan o que mais precisam: mensagens de esperança


	Vítima do tufão Haiyan caminha pela região destruída de Tacloban: milhares de moradores terão que reconstruir sua vida do zero depois de perder família, casa e pertences
 (Philippe Lopez/AFP)

Vítima do tufão Haiyan caminha pela região destruída de Tacloban: milhares de moradores terão que reconstruir sua vida do zero depois de perder família, casa e pertences (Philippe Lopez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 08h08.

Tacloban - Em meio à bagunça, no quarto andar do prédio da prefeitura de Tacloban, no leste das Filipinas, uma equipe de quatro pessoas dedica 17 horas por dia para dar às vítimas do tufão Haiyan o que mais precisam: mensagens de esperança.

Milhares de moradores dessa cidade filipina de 178 mil habitantes terão que reconstruir sua vida do zero depois de perder família, casa, seus pertences e seu meio de subsistência após serem atingidos pelo Haiyan, o tufão mais intenso da história.

Para apoiá-los, uma modesta emissora, a "First Response Radio", na verdade uma pequena maleta onde há um computador portátil e uma mesa de mixagem, transmite música e informa sobre os pontos de acesso à ajuda humanitária, mas principalmente encoraja os cidadãos a seguir lutando contra a adversidade.

"As pessoas perderam tudo e não queremos acrescentar mais desgraça. Por isso insistimos que vamos nos recuperar em breve e que Tacloban voltará a ser uma grande cidade", declarou à Agência Efe Magnólia Yrasuegui, uma das locutoras da "First Response Radio".

"Não há nenhuma necessidade de lançar mensagens negativas, como que o governo não fez o suficiente para apoiar os cidadãos, queremos ser uma influência positiva", disse a jornalista.

Yrasuegui trabalha há cerca de um mês na emissora e vive no improvisado estúdio instalado em uma sala sem janelas, com duas pequenas lonas e duas mesas de plástico como únicas comodidades.

Muitas das mensagens lançadas pela "First Response" vêm das próprias vítimas do tufão, que deixou mais de seis mil mortos e perto de 1.800 desaparecidos.

Yrasuegui lembra com especial emoção o dia em que receberam a mensagem de um dos desabrigados que tinha perdido todos os membros de sua família, e que calou muito fundo entre os filipinos.


"O primeiro "Rise, Tacloban" (Para cima, Tacloban) que recebemos nos emocionou muitíssimo, porque vinha de alguém que tinha perdido toda sua família e seu lar, mas dizia que superaria. Para ele, o mero fato de estar vivo era uma esperança em si mesma", afirmou a jornalista.

"Essa foi a primeira mensagem que fez os cidadãos verem que não é o fim do mundo para os que sobreviveram ao Haiyan, que se pode recuperar o que perderam, e muito mais", acrescentou.

A "First Response" começou a transmitir de Tacloban apenas três dias depois da passagem do tufão, que deixou a cidade incomunicável e devastou as rádios e as televisões locais, o que deixou os residentes sem ter como receber informação sobre as consequências e a gestão da catástrofe.

"As pessoas precisam de informação, especialmente neste tipo de situação", destacou a locutora da rádio, cujo lema é "Comunicação é Ajuda".

Yrasuegui disse ter aprendido muito com a experiência de ter trabalhado na rádio de Tacloban durante mais de um mês, concretamente sobre "a importância da família e os amigos, e do pouco que se necessita realmente para ser feliz".

No entanto, também viveu momentos muito difíceis, a maioria deles quando os moradores de Tacloban vão ao estúdio para pedir ajuda em busca de seus entes queridos.

"Eles vem chorando nos pedir ajuda, e isso é muito duro, porque nós realmente queremos dar uma mão, mas não podemos falar na rádio sobre cada um dos desaparecidos", explicou.

É exatamente este desespero mostrado por muitos taclobanenses um mês depois do tufão que os move a continuar trabalhando apesar das longas horas que passam fechados no pequeno escritório.

"Nós voltaremos para casa com nossas famílias, mas estas pessoas ficarão aqui, buscando seus familiares, portanto isto é o mínimo que podemos fazer por eles", concluiu Yrasuegui.

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