Essa tendência está se tornando evidente, inclusive, nas votações primárias, que estão sendo realizadas em todos estados do país e que servem para determinar os candidatos de cada partido e os também os independentes (PxHere/Reprodução)
EFE
Publicado em 6 de junho de 2018 às 07h39.
Última atualização em 6 de junho de 2018 às 11h01.
Washington - Homofóbicos, racistas e até pedófilos. Nestes tempos do "politicamente incorreto", que nos Estados Unidos atingiram seu auge com a vitória de Donald Trump no pleito presidencial de 2016, uma onda de candidatos polêmicos se recusa a morder a língua diante das próximas eleições legislativas no país, em novembro.
Essa tendência está se tornando evidente, inclusive, nas votações primárias, que estão sendo realizadas em todos estados do país e que servem para determinar os candidatos de cada partido e os também os independentes.
Em entrevista ao jornal americano "The Huffington Post", o candidato independente Nathan Larson explicou sua visão do cenário pré-eleição.
"Muitas pessoas estão cansadas do politicamente correto e de serem constrangidas por isso. As pessoas preferem um intruso que não tem nada a perder e que quer dizer o que está nas mentes de muitos", afirmou.
Aos 37 anos, Larson aspira a uma cadeira no Congresso pelo estado da Virgínia, apesar do enorme fracasso que teve quando se candidatou à Câmara Estadual, há dez anos, e de ter sido condenado em 2009 após ter ameaçado o presidente Barack Obama.
No entanto, é muito provável que suas aspirações políticas sejam mais questionadas por suas pertubadoras intenções para o futuro do que pelo episódio sombrio de seu passado.
Larson, que é pai de uma menina, não teve nenhum problema em admitir para jornalistas que ele era o principal responsável por uma série de fóruns na Internet cujo objetivo era dar conselhos a pedófilos.
Nestes fóruns, o candidato, que considera que o termo pedófilo é apenas "um rótulo", defendia o incesto e o direito de um homem bater na esposa.
Além disso, ele recomendava a todos que se sentissem atraídos por menores de idade para que recorressem a serviços de adoção, para que pudessem escolher o gênero de seus "brinquedos sexuais".
Outro caso que chama a atenção é o do candidato independente Don Blankenship, que acaba de entrar para a política depois de cumprir um ano de prisão pelo envolvimento na morte de 29 trabalhadores, em 2010, após uma explosão em uma mina que pertencia à empresa que ele administrava.
Blakenship, que se define como "mais trumpista" do que Trump, se recusa a manter um perfil sutil em sua corrida ao Senado pela Virgínia Ocidental e busca notoriedade com declarações que foram consideradas desrespeitosas e até mesmo racistas.
De fato, o polêmico candidato, de 68 anos, arruinou suas chances de representar o Partido Republicano ao aparecer em uma propaganda eleitoral acusando o líder da maioria conservadora no Senado, Mitch McConnell, de ser viciado em cocaína e de se beneficiar do dinheiro da "família chinesa" de sua esposa, Elaine Chao.
Nesta mesma linha, o republicano Patrick Little reclamou no início de maio de ter sido expulso da convenção de seu partido em San Diego, na Califórnia, por se recusar a "servir a Israel".
Com candidatura em jogo nas primárias realizadas na Califórnia, Jazmina Saavedra concorre a uma cadeira no Congresso, apesar das punições que vem enfrentando nas redes sociais, que, segundo ela, "estão lhe privando do direito à liberdade de expressão".
Com essas palavras, Saavedra criticou a decisão do Facebook de bloquear sua conta há alguns dias, depois de ela ter publicado um vídeo no qual atacava as leis que obrigavam alguns estados a implementar banheiros públicos unissex - que, segundo ela, não permitem saber "quem pode estar atrás da porta".
Embora as palavras de Larson, Blakenship, Little e Saavedra tenham encontrado respostas em vários movimentos sociais, teremos que esperar para ver qual será o destino destes candidatos nas urnas.