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Quênia: mais de 1 milhão de pessoas podem passar fome por causa da seca

Departamento de Meteorologia do país atribuiu o atraso das chuvas à passagem do ciclone Idai, que deixou centenas de mortos no sudeste da África

Quênia: temporada curta de chuvas teve menos precipitações do que o esperado (Thinkstock/Stockbyte/Getty Images)

Quênia: temporada curta de chuvas teve menos precipitações do que o esperado (Thinkstock/Stockbyte/Getty Images)

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EFE

Publicado em 21 de março de 2019 às 11h31.

Nairóbi — Mais de 1,1 milhão de pessoas estão em risco de crise de fome no Quênia, devido a uma forte seca provocada pelo atraso da temporada de chuvas, alertou nesta quinta-feira a Cruz Vermelha local.

"Há gente que morreu", disse o presidente da instituição, Abbas Gullet, em entrevista coletiva realizada em Nairóbi, onde não quis divulgar números, já que ainda não se sabe se estas mortes ocorreram por causa da seca, por falta de comida ou por qualquer outra razão.

A temporada curta de chuvas no Quênia (de outubro a dezembro de 2018) teve menos precipitações do que o esperado e o atraso das chuvas da temporada longa, que já teriam que ter começado, estão pondo em risco mais de um milhão de pessoas no país.

"Sabíamos que o primeiro quadrimestre do ano iria ser complicado, que haveria necessidade de água e comida. Sabíamos, não era algo que ignorávamos", explicou Gullet, no lançamento de uma campanha de coleta de fundos de emergência.

O Departamento de Meteorologia do Quênia atribuiu o atraso das chuvas à passagem do ciclone Idai, que deixou centenas de mortos no sudeste da África, mas cujo efeitos também foram sentidos mais ao norte por falta de fluxo de massas úmidas de ar.

A seca está afetando especialmente as zonas mais áridas e semiáridas do Quênia, e um total de 17 condados, sobretudo do norte do país.

Em Turkana, onde foi instalado um dos principais campos de refugiados do país, principalmente para sul-sudaneses, há milhares de famílias que sofrem com a crise.

Nos últimos dias, a imprensa local publicou reportagens e fotografias sobre os efeitos da seca nesta região, inclusive reportando mortos por esta causa.

"A mudança climática é real e está aqui, mas não deveríamos deixar que estas imagens fossem vistas", especificou Gullet.

O vice-presidente do Quênia, William Ruto, insistiu nesta quarta-feira em que nem um só queniano tinha morrido de fome no país.

"Há muitas notícias falsas do que está ocorrendo. Disseram que houve 11 mortes, mas isso não é verdade. Ninguém morreu devido à seca e estamos trabalhando para que ninguém morra de fome", afirmou Ruto.

Nos últimos dias começaram a circular nas redes sociais imagens de quenianos escandalizados por imagens nas quais aparecem homens e mulheres alimentando-se de ossos, crianças rodeadas de cabeças de gado mortas e pessoas famintas, muitas das quais não são reais e se referem a secas anteriores.

Muitos destes condados há menos de um ano sofriam com as inundações causadas pelas chuvas de abril, maio e junho de 2018, que deixaram mais de 200 mortos e 300 mil deslocados em todo o país.

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