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Quem são os candidatos a presidente dos EUA em 2024? Não são só Kamala e Trump

Votação para escolher novo líder americano será concluída em 5 de novembro

Kamala Harris e Donald Trump, que disputam a eleção presidencial  (AFP)

Kamala Harris e Donald Trump, que disputam a eleção presidencial (AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 3 de novembro de 2024 às 12h00.

Os Estados Unidos vão às urnas na terça-feira, 5 de novembro, para escolher o novo presidente do país. A disputa será entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris.

Cada um dos 50 estados organiza a votação de acordo com suas próprias regras. As urnas fecham em horários variados de acordo com o estado, a partir das 18h na hora local. A maioria deles encerrará a votação às 20h.

A apuração dos votos começará após o fechamento das urnas. A expectativa é que o resultado possa levar alguns dias para ser conhecido. Em 2020, por exemplo, demorou quatro dias.

A espera se dá por várias razões. Os Estados Unidos utilizam voto impresso, o que atrasa a contagem. Além disso, há voto pelo correio, e alguns estados aceitam votos que sejam postados até o dia da eleição, mesmo que eles cheguem nos dias seguintes.

Donald Trump

Donald Trump, que disputa a terceira eleição presidencial seguida

Donald John Trump nasceu em 14 de junho de 1946, na cidade de Nova York. Ele era filho de um empresário do setor imobiliário, que construiu muitas casas e prédios na cidade. Ele estudou economia em Wharton e depois de formado passou a trabalhar com os negócios do pai, nos anos 1970.

Trump foi expandindo os negócios da família para outros setores, como hotéis de luxo e cassinos, e passou a colocar seu nome em negócios variados, o que o trouxe fama a partir dos anos 1980. Após problemas financeiros na década seguinte, o empresário voltou aos holofotes em meados dos anos 2000, quando fez sucesso com o reality show O Aprendiz.

Nos anos seguintes, Trump começou a fazer críticas ao então presidente Barack Obama. Com o tema, ganhou espaço em programas de TV e, com isso, acabou entrando na política. Ele foi eleito presidente dos EUA em 2016, com uma campanha baseada no combate à imigração irregular e a uma ideia de "tornar a América grande de novo".

Em seu governo, Trump adotou medidas duras contra imigrantes, que depois foram derrubadas na Justiça. Na pandemia, ele teve postura negacionista, de combate às medidas de proteção, como o isolamento social. O republicano perdeu a reeleição em 2020, para Joe Biden, mas não reconheceu o resultado e convocou seus apoiadores a lutar. Parte deles invadiu o Congresso, em 6 de janeiro de 2021, para tentar impedir a certificação do resultado.

Após deixar o cargo, Trump foi alvo de vários processos na Justiça, por temas variados, como sua participação nos atos de 6 de janeiro, desvio de documentos e fraude fiscal. Apesar disso, ele conseguiu manter o controle do partido e obter a nomeação em 2024 praticamente sem competição interna.

Kamala Harris

Nascida em 20 de outubro de 1964, em Oakland, Califórnia, Kamala é filha de imigrantes — sua mãe, Shyamala Gopalan, uma pesquisadora do câncer de mama e ativista de direitos civis de origem indiana, e seu pai, Donald Harris, um economista jamaicano — e foi criada em um ambiente que valorizava a educação e a justiça social. Assim, formou-se em Ciências Políticas e Economia pela Universidade Howard, uma das mais prestigiadas universidades historicamente negras dos EUA, e depois obteve seu diploma de Direito pela Universidade da Califórnia, Hastings.

Sua carreira começou em 1990, quando se tornou promotora no condado de Alameda, na Califórnia. Em 2003, ela foi eleita procuradora-distrital de São Francisco, onde implementou reformas progressistas no sistema judicial, como programas de reabilitação para crimes menores. Poucos anos mais tarde, em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo.

A carreira política despontou a partir de 2017, como estrela em ascensão do Partido Democrata após ser eleita senadora na Califórnia. Ela chamou a atenção ao agir de modo incisivo em audiências no Senado. Em 2020, disputou as primárias como pré-candidata a presidente, mas não venceu. Seu desempenho, no entanto, a levou a ser chamada para ser vice na chapa de Joe Biden. Os dois se elegeram naquele ano, em uma campanha contra Donald Trump.

Candidatos independentes

Cornel West

Com 71 anos, West possui uma candidatura independente. Ex-professor de universidades como Yale, Princeton e Harvard, é um ativista progressista, que foi um forte crítico do governo de Barack Obama.

O candidato já escreveu mais de 20 livros e produziu três álbuns com o Prince e Jill Scott. West se coloca como uma alternativa a supremacia branca, capitalismo, patriarcado e aos limites do sistema bipartidário.

Jill Stein

Médica e doutora em física, Stein tem 74 anos e concorre à Presidência dos Estados Unidos pela terceira vez pelo Partido Verde -- em 2012 e 2016 também esteve na disputa.

Conhecida como ativista na saúde ambiental e combate às mudanças climáticas, ela defende que os americanos tenham direito garantido a emprego, saúde pública, moradia e educação.

Chase Oliver

Com 39 anos, Oliver é o candidato do partido Libertário, abertamente homossexual e pró-armas. Ele defende os direitos individuais contra o poder dos políticos, além de reformas na polícia.

Em 2022, disputou o Senado na Geórgia e obteve mais de 2% dos votos, o que forçou um 2º turno entre democratas e republicanos.

Como funciona o Colégio Eleitoral dos EUA?

Esta é a parte mais complexa da eleição. O Colégio Eleitoral é formado por 538 delegados. Para ser eleito presidente, é preciso obter ao menos 270 votos deles.

A eleição presidencial americana é organizada pelos 50 estados. Cada governo local tem liberdade para organizar a votação como preferir e, ao final, apontar os delegados que votarão no Colégio Eleitoral.

Cada estado tem direito a um número diferente de delegados, com base em sua população em relação ao total do país. Assim, a Califórnia, estado mais populoso, tem 54 representantes. Nenhum estado tem menos de três delegados.

Em 48 estados, o vencedor leva tudo: o candidato presidencial mais votado conquista o direito a indicar todos os delegados daquele estado. A regra não vale apenas no Maine e em Nebraska, onde os delegados são divididos de outras formas. O Maine se divide em quatro distritos eleitorais, e a vitória em cada um deles dá direito a um delegado.

Esse modelo, porém, gera uma distorção: um candidato pode vencer na votação popular, mas não se eleger. Foi o caso de Donald Trump em 2016: Ele obteve 62,9 milhões de votos, menos do que os 65,8 milhões da rival Hillary Clinton, mas levou 306 delegados, ante 232 dela.

O modelo de Colégio Eleitoral dá mais peso aos estados menores na disputa nacional. Com isso, a atenção dos candidatos durante a campanha é maior sobre os locais onde há maior indecisão do que em áreas mais populosas que tendem a eleger sempre o mesmo partido.

Como é a certificação e a posse do presidente dos EUA

O Colégio Eleitoral não é um local, mas um processo. Assim, não há um encontro formal dos delegados: cada estado envia seus votos ao Congresso, que faz a leitura deles e certifica a vitória do novo presidente.

Esse ritual de certificação era visto como mera formalidade e atraia pouca atenção. No entanto, em 6 de janeiro de 2021, o evento foi interrompido por uma invasão ao Congresso americano. Apoiadores de Donald Trump, presidente que buscava a reeleição, tentaram impedir a confirmação da derrota dele. A sessão foi interrompida, houve confrontos entre a polícia e manifestantes e o dia terminou com cinco mortos. Apesar disso, a certificação da vitória de Joe Biden foi concluída de noite.

A posse será realizada em 20 de janeiro. O novo presidente faz um juramento em frente ao Congresso e depois costuma fazer um desfile pela avenida Pensilvânia, que liga a sede do Legislativo à Casa Branca, sede da Presidência, para marcar o início de um mandato de quatro anos.

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