Conclave: como funciona a escolha de um novo Papa? (Alessandra Benedetti/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 7 de maio de 2025 às 06h01.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 06h55.
Nesta quarta-feira, 7, começa o esperado conclave de 2025, que terá a difícil tarefa de escolher o sucessor de Papa Francisco. O evento, sempre rodeado de mistério e expectativa, reúne 133 cardeais com menos de 80 anos, que terão a responsabilidade de eleger o novo líder da Igreja Católica.
A palavra "conclave" vem do latim cum clavis, que significa "fechado à chave". De fato, esse evento é ultrassecreto. Os cardeais se reunirão na Capela Sistina, no Vaticano, e ficarão isolados até que um deles seja escolhido para liderar a Igreja.
O processo é longo e pode durar dias, com quatro votações diárias — duas de manhã e duas à tarde. Quando um cardeal alcança a maioria de dois terços dos votos, a famosa fumaça branca é liberada pela chaminé da Capela Sistina, sinalizando que o novo papa foi escolhido.
O conclave é marcado por uma grande divisão de tendências dentro da Igreja, e os cardeais estão divididos entre aqueles que defendem a continuidade das reformas de Francisco e aqueles que buscam uma linha mais conservadora.
Entre os favoritos está o cardeal filipino Luis Antonio Tagle, arcebispo emérito de Manila. De perfil progressista e com uma longa história de trabalho com os marginalizados, Tagle é muitas vezes chamado de "o Francisco asiático". Ele é visto como uma figura importante dentro da Cúria Romana, o órgão administrativo do Vaticano.
Outro forte candidato é o cardeal Pietro Parolin, atual secretário de Estado do Vaticano. Moderado e conciliador, Parolin tem ganhado apoio por sua habilidade em manter a Igreja unida, conciliando diferentes visões dentro da instituição. Ele também tem sido visto como um "primeiro-ministro" e ministro das Relações Exteriores da Igreja.
No campo progressista, Matteo Zuppi também é considerado um nome de peso. Com grande experiência diplomática, Zuppi foi mediador em acordos de paz e, mais recentemente, atuou como enviado de paz para a guerra na Ucrânia. Sua postura moderada e seu histórico de pacificação fazem dele um nome bem aceito dentro da Igreja.
Por outro lado, Robert Sarah, cardeal da Guiné, é visto como o principal representante da ala conservadora. Sarah tem sido um crítico ferrenho das reformas de Francisco e defende, por exemplo, a celebração da missa em latim. Sua visão mais rígida sobre diversos temas e seu perfil como um líder forte atraem muitos católicos tradicionais.
O atual conclave ocorre em um momento desafiador para a Igreja Católica. Além da escolha do novo papa, há questões importantes que precisam ser abordadas pelo próximo pontífice, como o papel das mulheres na Igreja, a proteção aos imigrantes, a abordagem das questões LGBT e a prestação de contas dentro da instituição.
Durante os últimos dias, os cardeais se reuniram para discutir essas questões e definir o perfil ideal do novo papa. Muitos apontam que a Igreja precisa de uma figura forte, capaz de "servir de ponte" para uma humanidade cada vez mais desorientada, com crises políticas e sociais espalhadas pelo mundo.
A votação para eleger o novo papa segue um processo bem definido. No primeiro dia, os cardeais se reúnem para uma única eleição. Se não houver um eleito, o ciclo de votação começa no dia seguinte, com quatro votações diárias. Caso, após três dias, não haja um vencedor, os cardeais se retiram para um dia de oração. Esse ciclo de sete dias continua até que se chegue à decisão final, com uma disputa entre os dois cardeais mais votados.
Em um evento tão sigiloso e cheio de expectativas, os olhos do mundo estarão voltados para o Vaticano. Afinal, o futuro da Igreja Católica e o papel da religião em uma sociedade em constante mudança estarão nas mãos daqueles que participam desse conclave histórico.
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