Sergio Massa, candidato governista à Presidência da Argentina, em 13 de agosto de 2023, em Tigre (AFP/AFP)
Redação Exame
Publicado em 22 de outubro de 2023 às 21h52.
Última atualização em 22 de outubro de 2023 às 21h58.
A eleição na Argentina terá segundo turno. Disputarão em novembro o atual ministro da Economia, Sergio Massa, e o deputado ultraliberal Javier Milei, mostram dados iniciais da apuração da eleição, realizada neste domingo, 22.
ACOMPANHE: Resultado das eleições na Argentina: Massa e Milei farão 2º turno, diz apuração preliminar
Com 81,89% das urnas apuradas, Massa soma 36,11% dos votos, Milei, 30,35% e Patricia Bullrich, 23,69%. Completam a disputa Juan Schiaretti, com 7,18%, e Myriam Bregnan, com 2,64%.
Trata-se de um avanço e tanto para Massa durante a campanha eleitoral. A coligação de Massa, Unión por la Patria, havia tido 27,27% dos votos nas primárias, em agosto, e ficou em terceiro lugar. Milei havia ganho, com 30,04%, e o Juntos por el Cambio, de Patricia Bullrich, veio em segundo, com 28,27%.
Ele é ministro da Economia desde 2022. Em seu mandato, o principal tema foi a alta inflação, cujo índice a anualizado é de quase 140%, a perda do valor da moeda e o aumento da pobreza (40%).
Por essa crise, ele culpa a dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) contraída pelo governo anterior, assim como a pandemia da covid-19 e a seca no país - que levou a diversas quebras de safra no agro argentino, também um pilar da economia por lá.
Massa baseou sua campanha em uma promessa de unidade, em contraste a Milei.
Massa foi nomeado em julho de 2022 como um "superministro" da Economia da Argentina, Sergio Massa. Segundo a AFP, é um advogado carismático, ex-dirigente do futebol e político que militou tanto pelo peronismo quanto pelo antiperonismo desde os conturbados anos 1980.
Massa estava à frente da Câmara dos Deputados pelo partido governista Frente de Todos (centro-esquerda) na época, cuja trilogia do poder integra juntamente com o presidente Alberto Fernández e a vice, Cristina Kirchner.
Em sua longa carreira política, Massa foi prefeito da cidade de Tigre, nos arredores de Buenos Aires. Em 2013, infligiu uma dura derrota simbólica à força da então presidente, Cristina Kirchner, ao vencê-la na província de Buenos Aires nas eleições legislativas de metade do mandato.
O kirchnerismo lhe atribuía, então, vínculos com setores católicos antiperonistas, com a embaixada dos Estados Unidos e com o poder econômico. Mas como na política tudo muda, em 2019, ele formou uma aliança com Fernández e Cristina contra a reeleição de Macri. "Quando você usa qualquer coisa para se manter no poder e divide a sociedade, depois não pode governar", advertiu certa vez.
Massa foi dirigente do clube Tigre, o qual levou à Primeira Divisão do futebol. Ele é casado com outra dirigente e funcionária do alto escalão peronista, Malena Galmarini, com quem tem dois filhos.
Ainda há peronistas que o questionam por ter militado no começo de sua carreira no Sindicato de Centro Democrático, um dos maiores grupos antiperonistas da História. Mas com a chegada ao Poder Executivo do presidente peronista de direita Carlos Menem (1989-1999), ele se filiou ao governamental Partido Justicialista (PJ).
Na segunda década do século XXI, para se opor aos Kirchner, fundou a Frente Renovadora, grupo que ainda lidera e pelo qual foi candidato à presidência em 2015, quando ficou em terceiro lugar (21,9% dos votos).
Massa é filho de um empresário da construção civil e de uma dona de casa, ambos imigrantes italianos da Sicília.
Ele concorre nestas eleições como candidato da Unión por la Patria, aliança de vários setores do peronismo, incluindo o de Cristina Kirchner, a vice-presidente. Ela e o presidente Alberto Fernández estiveram visivelmente ausentes da campanha presidencial.
Massa fez e quebrou alianças políticas. Em 2013, criou a Frente Renovadora, um partido de centro como alternativa a Kirchner, a quem acompanhou como chefe de gabinete entre 2008 e 2009.
Filho de imigrantes italianos, cresceu na periferia de Buenos Aires. É casado e tem dois filhos.
Em agosto, Massa anunciou um acordo com as refinarias e produtores para congelar os preços de combustíveis no país até 31 de outubro, um pouco depois do primeiro turno. O ministro determinou ainda que as empresas que não seguissem a decisão teriam seus benefícios fiscais retirados. Massa criou um sistema de reclamações para a população no Ministério da Energia para realizar esse acompanhamento de preços.
O governo argentino determinou que trabalhadores que ganham até 1,7 milhão de pesos argentinos por mês não pagarão imposto de renda. A medida pode atingir mais de 90% da população.
Com justificativa de que o valor seria para compensar a desvalorização da economia do país, o ministro da Economia anunciou um auxílio para trabalhadores informais entre 18 e 64 anos que não sejam aposentados ou recebam qualquer outro auxílio do governo.
O valor do benefício é de 47 mil pesos e será pago em duas parcelas iguais, em outubro e novembro.
Após os dados mostrarem uma inflação de dois dígitos, Massa anunciou a devolução de impostos cobrados a partir de agosto sobre produtos da cesta básica para 18 milhões de argentinos.
O governo criou um bônus salarial mensal variável para trabalhadores do setor público, privado e para aposentados e pensionistas.
Para o setor público, o valor fixo de 60 mil pesos será pago em duas parcelas em setembro e outubro para 390 mil funcionários da administração pública que recebem salários líquidos de até 400 mil pesos por mês.
No caso dos trabalhadores do setor privado, duas parcelas de US$ 30 mil serão pagas nos meses de setembro e outubro. O benefício é válido para quem recebe salários líquidos de até 400 mil pesos por mês. O governo absolveu o custo nas micro e pequenas empresas.
Para aposentados e pensionistas, o bônus de 37 mil pesos será pago nos meses de setembro, outubro e novembro.
Massa anunciou um bônus único de 25 mil pesos em duas parcelas para as empregadas domésticas. Para os empregadores com rendimentos de até 2 milhões de pesos mensais, o governo argentino reembolsará 50% deste reforço.
O benefício para a população de baixa renda recebeu um reforço em meio à disputa eleitoral. Duas parcelas mensais extras serão pagas, conforme o número de filhos da família. Beneficiários com um filho receberá 10 mil pesos; com dois filhos, 17 mil pesos; e, com três filhos, 23 mil pesos. O valor do cartão vai ter um aumento de 30% em média.
O governo criou uma linha de crédito para trabalhadores de até 400 mil pesos, em 24, 36 ou 48 quotas. Cada quota não poderá exceder 30% da renda mensal e o valor será depositado em um cartão de crédito bancário em até cinco dias úteis. A taxa de juros será equivalente a 50% da atual taxa de financiamento bancário no país.
Para agradar o agro local, Massa autorizou a isenção de impostos sobre a exportação de produtos agrícolas com valor industrial agregado, como vinho, arroz e tabaco, e a entrega de fertilizantes.
Massa anunciou o lançamento de um programa para estimular o turismo. A medida devolve 70% do valor gasto em viagens pelo país, limitado a 1.000 pesos, entre 29 de setembro e 17 de outubro.