Prevost: cardeal é um poliglota nascido em Chicago, visto como um eclesiástico que transcende fronteiras (Gabriel Buoys/AFP)
Publicado em 3 de maio de 2025 às 10h38.
Última atualização em 9 de maio de 2025 às 08h40.
O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, um poliglota nascido em Chicago, é o novo papa. Ele escolheu ser chamado de Leão XIV. O 267º pontífice da Igreja Católica é o primeiro Papa norte-americano.
Prevost serviu por duas décadas no Peru, onde se tornou bispo e cidadão naturalizado, e depois liderou sua ordem religiosa internacional. Ele ocupava um dos cargos mais influentes na Santa Sé.
O papa chefiará a Igreja Católica, religião seguida por 1,4 bilhão de pessoas no planeta. Dentre eles, há 182 milhões de brasileiros, segundo dados da instituição. Ele substituirá Francisco, morto em 21 de abril e que ficou no cargo por 12 anos.
Leão XIV nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago, Illinois. Ele é filho de pais com ascendência francesa, italiana e espanhola e tem dois irmãos.
O novo bispo de Roma estudou no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e depois na Villanova University, na Pensilvânia, onde se formou em 1977 em Matemática e estudou Filosofia.
Em 1º de setembro do mesmo ano, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (OSA) em St. Louis, na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Chicago, e fez sua primeira profissão em 2 de setembro de 1978. Em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes.
Ordenado em 1982, aos 27 anos, o novo Papa é doutorado em direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino, em Roma. Antes, se formou em Teologia na Catholic Theological Union em Chicago.
Sua trajetória inclui uma atuação intensa no Peru, onde foi missionário, pároco, professor e bispo. Líder dos agostinianos, organização religiosa pela qual visitou várias ordens ao redor do mundo, Prevost domina o espanhol e o italiano.
Arcebispo emérito de Chiclayo, cerca de 750 quilômetros ao norte de Lima, Prevost deixou o Peru para se juntar ao governo do Vaticano. Em 2023, ele foi indicado por Francisco para ser o Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.
No Consistório de 30 de setembro de 2023, o Papa Francisco nomeou Prevost como cardeal, conferindo-lhe o diaconato de Santa Mônica.
Prevost assumiu oficialmente o cargo de chefe do dicastério em 28 de janeiro de 2024. Em sua última função, ele esteve presente nas últimas viagens apostólicas do Papa Francisco e desempenhou um papel ativo nas sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade
O novo Papa passou grande parte de sua vida fora dos Estados Unidos. O jornal italiano La Repubblica o chamou em uma reportagem de "o menos americano dos americanos" pela moderação de suas palavras.
Descrito como reservado e discreto, Prevost teria um estilo diferente de Francisco. Apoiadores de Prevost o promoviam como uma alternativa equilibrada entre os possíveis candidatos ao papado, conhecidos como "papáveis".
Especialistas no Vaticano observam semelhanças entre ele e Francisco, especialmente no que tange ao compromisso com os pobres e migrantes, além da disposição para se aproximar das pessoas e entender suas necessidades.
Embora tenha sido elogiado no Peru por seu apoio aos imigrantes venezuelanos e pelas visitas a comunidades remotas, o cardeal Prevost também enfrentou críticas em relação à sua condução de casos de padres acusados de abuso sexual. A diocese de Chiclayo informou que, sob sua liderança, uma investigação foi aberta, mas foi encerrada pelo Vaticano. Após a chegada de um novo bispo à diocese, a investigação foi reaberta.
No ano passado, em entrevista ao site oficial do Vaticano, Prevost destacou sua visão sobre o papel do bispo, afirmando que "não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino". Para ele, o verdadeiro líder da Igreja deve ser "humilde, estar próximo do povo que serve, caminhar com ele e sofrer com ele".
Após a morte de Francisco, Prevost afirmou que ainda havia "muito a fazer" na transformação da Igreja. "Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás", disse ele ao Vatican News, no mês passado.
A escolha foi feita no segundo dia de votação. O conclave havia sido iniciado na tarde de quarta-feira, 7. A fumaça branca na chaminé da Capela Sistina, que indica que um papa foi escolhido, foi solta às 13h08 (hora de Brasília, 18h08 na hora local). O resultado foi celebrado pela multidão que aguarda o novo papa na praça de São Pedro. Para ser eleito papa, são necessários dois terços dos votos. Sendo 133 os cardeais eleitores, o eleito precisou, no mínimo, de 89 votos. O Vaticano não divulga o total de votos que cada papa teve.
A palavra "conclave" vem do latim, "cum clavis", e significa precisamente "fechado à chave". O sistema de fechar os cardeais iniciou no Concílio Lyon II (1274).
Em contexto geral, conclave é uma reunião fechada, com acesso restrito a participantes específicos. No entanto, o termo é mais conhecido pelo seu uso no contexto da Igreja Católica. Assim, no Vaticano, conclave é o nome dado ao processo no qual os cardeais da Igreja se reúnem para eleger um novo Papa.
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Com a AFP e a Agência o Globo.