Visto como tendo características populistas, o professor já afirmou defender maior participação do Estado na economia e políticas marxistas (Sebastian Castaneda/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2022 às 16h17.
Última atualização em 7 de dezembro de 2022 às 17h11.
O presidente do Peru, Pedro Castillo, foi exonerado do cargo nesta quarta-feira, 7, em processo de impeachment. O Congresso aprovou o impeachment após votação. Foram 101 votos a favor, 6 contra e 10 abstenções.
Aos 52 anos, Castillo era um nome relativamente desconhecido mesmo dentro do Peru. Em 2017, ganhou alguma projeção nacional ao liderar uma greve de professores, mas fora esse movimento, não teve cargo político até agora.
Ele nasceu na cidade de Puña, na província de Chota, e vive na mesma região até hoje. Se formou em educação na Universidade César Vallejo e fez mestrado em psicologia educacional, começando a lecionar nos anos 1990 na educação primária. De 2005 a 2017, também foi membro regional do antigo partido de centro-esquerda Perú Posible, quando concorreu a um cargo local, mas perdeu.
Visto como tendo características populistas, o professor já afirmou defender maior participação do Estado na economia e políticas marxistas. Também é conservador em pautas de costumes, como a ampliação de direitos de LGBT e mulheres. Sua posição ambígua em relação aos setores mais modernos da esquerda atraiu parte dos votos de peruanos mais conservadores fora dos grandes centros.
Eleito de forma democrática ao final de 2021, em uma disputa acirrada contra a direitista Keiko Fujimori, filha de Alberto Fujimori, responsável por um governo autoritário na década de 1990, Castillo respondia a um processo de impeachment e, em pronunciamento na TV aberta, declarou que fará um "governo de exceção para restabelecer o estado de direito e a democracia".
A Procuradoria investiga o presidente em seis casos preliminares a maioria por suposta corrupção, e sua hipótese é que Castillo usou seu poder para lucrar em troca da concessão de obras públicas. O presidente negou as acusações. O primeiro presidente de origem rural em 200 anos de república, que chegou ao poder em 2021 sem nenhuma experiência política, já trocou cinco vezes de gabinete com mais de 60 trocas de secretários, o que tem causado a paralisação de diversas políticas governamentais.
Após ter o resultado das eleições contrariado por adversários, o Parlamento, desacreditado que Castillo teria sido eleito de forma legal, tentaram avançar com o processo de impechment por "incapacidade moral permanente".
Em resumo, um golpe de Estado é um desobediência da ordem vigente de uma nação. Muito se acredita que os golpes de Estado são realizados exclusivamente de forma violenta ou por forças exteriores ao governo, mas na verdade essas revoltas podem acontecer a partir de tomadas de decisão de dentro do governo, como foi o caso de Castillo, e até mesmo de Getúlio Vargas em 1937.
A expressão foi elaborada há muito tempo, mais especificamente no século XVII, pelo teórico politico francês Gabriel Naudé, no livro "Considérations politiques sur les coups-d'état".
De acordo com o texto de Naudé, golpes de Estado são definidos como:
“"[…] ações audazes e extraordinárias que os príncipes se veem obrigados a executar no acontecimento de empreitadas difíceis, beirando o desespero, contra o direito comum, e sem guardar qualquer ordem ou forma de justiça, colocando em risco o interesse de particulares pelo bem geral.”
Pedro Castillo é um politico de esquerda, filiado ao partido Peru Possível, que foi fundado pelo ex-presidente Alejandro Toledo.
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