Militante do Estado Islâmico segura uma faca próximo ao jornalista americano James Foley: Jihadi John foi identificado por jornal americano (REUTERS/Social Media Website via REUTERS TV)
Gabriela Ruic
Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 17h52.
São Paulo – O capuz preto esconde o rosto do homem de sotaque britânico e discurso tão afiado quanto a faca que degolou reféns como James Foley e Kenji Goto. Apelidado de Jihadi John, ele foi identificado pelo jornal The Washington Post (WP), que conversou com ex-reféns do grupo, além de amigos e familiares.
Seu nome é Mohammed Emwazi, um jovem de família abastada de Londres e com diploma em programação. “Não tenho dúvidas de que Mohammed é Jihadi John”, contou uma fonte que se identificou como amigo ao WP. “Ele era como um irmão para mim e, por isso, eu tenho certeza de que é ele”.
A Scottland Yard, polícia londrina, se recusou a se manifestar sobre a informação divulgada. Contudo, uma fonte ouvida pelo jornal The New York Times e que é ligada ao governo do país, confirmou a veracidade da história do WP e contou que Jihadi John foi identificado há algum tempo.
Quem é Jihadi John
Nascido no Kuwait, sua família se mudou para o Reino Unido quando ele tinha apenas seis anos de idade, informou o The Guardian. Emwazi hoje tem 27 anos e foi descrito por amigos ao WP como um jovem preocupado com a própria aparência, mas que tinha reservas em manter contato visual com as mulheres.
Jihadi John Frequentava uma mesquita em Greenwich e, segundo relatos, começou a se radicalizar depois de ter se formado na Universidade de Westminster, idos de 2011, ao planejar uma ida para a Tanzânia para realizar um safári. A viagem, contudo, jamais foi realizada.
Ao desembarcar no país africano com amigos, ele foi preso e deportado para a Holanda. Na época, o jornal britânico The Independent chegou a noticiar a prisão dos três e identificou Emwazi como Muhammad ibn Muazam. O trio foi interrogado por oficiais do serviço britânico de inteligência britânico, MI5, por suspeitas de laços com grupos extremistas islâmicos.
Segundo relatos ouvidos pelo WP, Emwazi se mudou para a Arábia Saudita em 2012 com a intenção de dar aulas de inglês e trabalhar como programador, mas não conseguiu. Foi a última vez que amigos e familiares tiveram notícias de Jihadi John. Acredita-se que ele tenha se mudado para a Síria nesta época.
Em território sírio, Emwazi teria se juntado ao EI e logo se associou a outros dois britânicos, formando o grupo que ficou conhecido como “The Beatles”. De acordo com o The Guardian, era ele o responsável pela guarda dos reféns ocidentais e também pelas negociações com familiares e autoridades.
Repercussão
No Twitter, a revelação da identidade do carrasco do Estado Islâmico fez com que o nome de Emwazi e seu infame apelido subissem rapidamente na lista de “Assuntos do Momento” no mundo. Veja abaixo algumas reações de alunos e ex-alunos da Universidade de Westminster e também de veículos internacionais.
After me, who's the most famous person to come out of @UniWestminster? Jihadi John of course!
— James Brown (@Politicub) 26 fevereiro 2015
That moment when it turns out #JihadiJohn went to @UniWestminster and so did you. #AlumniCup2015
— Matteo Congregalli (@MattCngr) 26 fevereiro 2015
If WP correct, it turns out I was studying @UniWestminster at same time as Mo. Emwazi, who went on to execute a friend and fellow journalits
— Iona Craigأيونا كريج (@ionacraig) 26 fevereiro 2015
“Jihadi John” was one of Didier Francois’ guards when he was held for 10+ months, he told me: http://t.co/u4KWW55qu0 pic.twitter.com/xZPVuxqPN9
— Christiane Amanpour (@camanpour) 26 fevereiro 2015