Em 2015, Johnson anunciou para as pessoas de seu entorno que se lançaria na política (CHIP SOMODEVILLA/Getty Images/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 25 de outubro de 2023 às 19h20.
Mike Johnson, recém-eleito presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, é um advogado ultraconservador praticamente desconhecido pela opinião pública.
Com cabelos grisalhos penteados para o lado e rosto de menino, este republicano de 51 anos ascendeu rapidamente, e muitas vezes despercebido, ao alto escalão do poder, desde sua Louisiana natal até a capital, Washington, apostando nos valores tradicionais da direita. E isto apesar de seus detratores considerarem que seus valores estão em descompasso com um país moderno e que ele não tem compromisso com a democracia.
Mike Johnson nasceu em outubro de 1972 no seio de uma família conservadora em Shreveport, a terceira maior cidade da Louisiana. Estudou comércio na universidade pública deste estado do "sul profundo", mas optou pelo direito mais tarde, advogando para grandes escritórios, bem como o seu próprio.
Em 2015, Johnson anunciou para as pessoas de seu entorno que se lançaria na política.
Conseguiu uma cadeira no Senado estadual e dedicou-se à reforma do sistema educacional e ao desenvolvimento econômico deste estado empobrecido, arrasado pelo furacão Katrina em 2005.
Em 2016, assumiu um novo desafio: a Câmara dos Representantes. Saiu vitorioso, segundo ele, sem renunciar a seus valores.
Do ponto de vista econômico, é liberal e defende firmemente o livre mercado, o controle das fronteiras e o investimento nas forças armadas, mas em temas sociais é conservador, sendo contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao direito ao aborto.
Este evangélico foi o artífice dos esforços jurídicos no Congresso para alterar o resultado das eleições presidenciais de 2020, vencidas pelo democrata Joe Biden contra Donald Trump, a quem Johnson segue apoiando sem ressalvas.
Seu partido vive tempos conflituosos com fortes divisões entre moderados e trumpistas, que promoveram há três semanas a destituição inédita de Kevin McCarthy da presidência da Câmara.
Como resultado das disputas internas, três republicanos não conseguiram se eleger para o cargo na sequência, até a escolha de Johnson.
"Vamos servir ao povo deste país, vamos restaurar sua fé no Congresso, nesta instituição de Estado. Os Estados Unidos são a última e a maior esperança do homem na Terra", declarou na noite de terça-feira, após ser indicado por seu partido para disputar o cargo, que na manhã desta quarta o confirmou como "speaker" em sessão plenária.
"Abraham Lincoln dizia isso, Ronald Reagan costumava nos lembrar e estamos aqui para lembrar mais uma vez", disse Johnson, um comunicador eficiente que cultivou ao longo dos anos uma imagem de bom pai, piedoso, íntegro e mais motivado pelos valores do que pelo poder.
"Até ontem eu não tinha feito contato com ninguém sobre este cargo [...] e nunca tinha sequer cogitado esta função", garantiu o novo presidente da Câmara dos Representantes, o terceiro cargo mais importante do país, abaixo do presidente Biden e da vice-presidente Kamala Harris.
E isto mesmo após ser acusado de apoiar os setores mais à direita dos republicanos, correndo o risco de exacerbar a polarização e minar a cooperação entre os partidos no Legislativo da principal potência mundial.