Kamala foi oficialmente declarada a candidata do partido após o atual presidente Joe Biden desistir, em julho, de sua campanha por segundo mandato (DUSTIN FRANZ/AFP)
Redação Exame
Publicado em 5 de novembro de 2024 às 06h00.
Caso seja vitoriosa na eleição da próxima terça-feira, 5 de novembro, a democrata Kamala Harris se tornará a primeira mulher eleita presidente dos Estados Unidos. Para conseguir o feito, a atual vice-presidente terá que derrotar o ex-presidente da Casa Branca Donald Trump, contra quem vem enfrentando uma disputa acirrada nos chamados swing states, os estados pêndulos.
Kamala foi oficialmente declarada a candidata do partido após o presidente Joe Biden desistir, em julho, de sua campanha por um segundo mandato. No início de agosto, a democrata obteve apoio suficiente para ser nomeada a candidata oficial do partido à Presidência.
Apesar do apoio, a campanha de Kamala vem sendo cercada por desafios. Entre eles, o de contar sua história e projetar aos eleitores americanos como será o futuro do país sob sua gestão.
Na avaliação do professor Mauricio Moura, da Universidade George Washington, e Cila Schulman, CEO do Instituto de Pesquisa Ideia para o podcast Caminho da Casa Branca da EXAME, a campanha da democrata está muito pautada no antitrumpismo. Para eles, boa parte dos eleitores ainda parecem desconhecer quem é Kamala Harris.
Nascida em 20 de outubro de 1964, em Oakland, Califórnia, Kamala é filha de imigrantes. Sua mãe, Shyamala Gopalan, foi pesquisadora do câncer de mama e ativista de direitos civis de origem indiana. Seu pai, Donald Harris, é um economista jamaicano.
Kamala foi criada em um ambiente que valorizava a educação e a justiça social. Assim, formou-se em Ciências Políticas e Economia pela Universidade Howard, uma das mais prestigiadas instituições historicamente negras dos EUA, e depois obteve seu diploma de Direito pela Universidade da Califórnia em Hastings.
Sua carreira começou em 1990, quando se tornou promotora no condado de Alameda, na Califórnia. Em 2003, ela foi eleita procuradora-distrital de São Francisco, onde implementou reformas progressistas no sistema judicial, como programas de reabilitação em casos de crimes menores. Sete anos depois, em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo.
A carreira política despontou a partir de 2017, como estrela em ascensão do Partido Democrata após ser eleita senadora na Califórnia. Quase imediatamente, ela ficou conhecida em Washington por usar um estilo incisivo em audiências no Senado, interrogando seus adversários
Na campanha de 2020, ela se lançou como candidata à presidente. Com boa performance em debates, inclusive contra o próprio Biden, Harris ganhou destaque entre os progressistas, mas acabou não conseguindo apoio suficiente para continuar forte na disputa, e desistiu durante a etapa das primárias.
Quando Joe Biden venceu as primárias e obteve a nomeação para ser candidato a presidente, ele iniciou o processo de seleção de um companheiro de chapa, com um foco explícito em escolher uma mulher, preferencialmente negra, para refletir a diversidade do partido e do país. Kamala estava entre os principais nomes considerados, junto com outras figuras de destaque do partido, como Elizabeth Warren e Stacey Abrams.
Em agosto de 2020, Biden a escolheu como sua candidata a vice. Durante a campanha, Kamala buscou criticar a administração de Trump e seu vice, Mike Pence, em seu mandato.
Um dos momentos de destaque foi em um debate contra Pence, o único realizado na época, mostrando-se firme em suas declarações e chamando a atenção para si quando pedia para não ser interrompida pelo adversário: "Se o senhor não se importar em me deixar terminar, poderemos ter um diálogo."