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Quem é Federico Sturzenegger, o mais cotado para assumir a economia na Argentina

O economista Federico Sturzenegger foi presidente do Banco Central argentino entre 2015 e 2018, durante o governo Maurício Macri

Sturzenegger: foi considerado um dos maiores economistas do país por Milei (Christopher Goodney/Bloomberg /Getty Images)

Sturzenegger: foi considerado um dos maiores economistas do país por Milei (Christopher Goodney/Bloomberg /Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 11h47.

Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 11h51.

O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, deve anunciar nos próximos dias — ou até horas — quem será o ministro da Economia que terá a dura tarefa de enfrentar a severa crise do país, com inflação de três dígitos e 40% da população na pobreza.

Apesar de Milei se colocar como um político antissistema, o mais cotado para ser o futuro chefe da área econômica é alguém que já esteve em um posto importante do governo Maurício Macri, político de direita que apoiou o ultraliberal durante o segundo turno. Trata-se do economista Federico Sturzenegger, ex-presidente do Banco Central argentino entre 2015 e 2018.

Sturzenegger é visto como alguém com bom trânsito no mercado financeiro, e seria uma peça-chave para uma possível renegociação da dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), além de ser um nome de Macri em um governo libertário. Na segunda-feira, 20, em entrevista a uma rádio local, Milei disse que ele é um dos mais brilhares economistas da Argentina.

Ele também foi economista-chefe da petroleira YPF em 1994, presidente do banco comercial da prefeitura de Buenos Aires em 2007 e deputado pela cidade de Buenos Aires em 2013.

Com experiência nos Estados Unidos, Sturzenegger é professor titular da Universidade de San Andrés em Buenos Aires e professor visitante na Kennedy School of Government de Harvard.

Passado no Banco Central argentino

Em 2018, o economista pediu demissão do cargo de ministro após sua atuação na questão cambial e inflacionária ser alvo de críticas de investidores e dentro do próprio governo Macri.

Na época, o peso sofria forte desvalorização frente ao dólar, caindo mais de 7%. "Diversos fatores foram deteriorando minha credibilidade nos últimos meses como presidente do Banco Central, atributo-chave para levar adiante a coordenação de expectativas tão importantes na tarefa que a mim foi encomendada", admitiu Sturzenegger, na época, em carta enviada a Macri.

O ex-presidente do BC argentino afirma, em sua página oficial, que criou no início do governo Macri um regime de metas de inflação com taxa de câmbio flutuante, que teve sucesso em reduzir a inflação do país. Porém, com a decisão do governo de afrouxar as metas com o objetivo de reduzir as taxas de juro, o remédio virou um veneno, e a inflação galopante desencadeou em sua saída.

Na prática, a Argentina discutia uma saída aos juros similar à que foi sugerida no Brasil: mudar as metas de inflação. Por aqui, até agora, o Conselho Monetário Nacional (CMN) não mudou a meta, medida considerada acertada para preservar a credibilidade da política monetária do país em longo prazo.

No caso de Sturzenegger, a pressão política do então chefe da Casa Civil, Marcos Peña, superou recomendações técnicas. A Argentina mudou de 10% para 15% as metas de inflação. A medida diminuiu a credibilidade do Banco Central e da política monetária do país, que viu sua moeda entrar em parafuso desde então.

Em 2018, após deixar o governo, ele criou uma fintech dedicada a modelos alternativos de pontuação de crédito e um escritório de capital de risco.

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