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Que horas vai ser o encontro entre Xi Jinping e Donald Trump?

Presidentes terão conversa em meio a guerra comercial entre Estados Unidos e China

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP)

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 29 de outubro de 2025 às 10h57.

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping farão sua primeira reunião presencial neste ano na manhã desta quinta-feira, 30, em Gyeongju, na Coreia do Sul.

O encontro está marcado para as 11h do dia 30 na hora local, 23h de quarta-feira, 29, em Brasília, segundo aviso oficial da Casa Branca.

Em seguida, Trump tem partida prevista de volta aos EUA às 12h55 (0h55 em Brasília).

Este será o primeiro encontro entre os líderes em 6 anos, e ocorrerá durante uma cúpula econômica asiática.

Nesse domingo, 26, durante a cúpula da Asean, na Malásia, negociadores americanos e chineses conseguiram esboçar uma estrutura preliminar para o encontro, que incluía freios para as tarifas americanas em troca de menos regulações sobre a exportação chinesa de terras raras.

Mesmo assim, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, que conduziu o lado americano das negociações na Malásia, disse que os temas na negociação também podem incluir o comércio de soja, a crise do fentanil que afeta os EUA, Taiwan e a guerra na Ucrânia.

Além disso, o jornal chinês Xinhua sugere que as discussões possam abranger cobranças sobre navios americanos ancorados na China.

Veja o que esperar do encontro.

Terras raras, soja, fentanil e pressões políticas

O antecipado encontro entre os dois líderes prevê resolver uma situação econômica que vem se tornando cada vez mais desconfortável para ambos os países. Para isso, terão de por de lado suas rixas políticas e diferenças ideológicas.

“Já começamos a ver alguns sinais de elevação de inflação nos Estados Unidos, a escassez de alguns produtos. E uma resolução seria muito melhor para China porque é mais um mercado aberto (para suas exportações) [...] então, tentar diminuir essas dificuldades de comércio entre os dois países é importante para eles, porque há um interesse mútuo nesse caso”, diz Alexandre Uehara, coordenador do curso de Relações Internacionais da ESPM em entrevista à EXAME.

O tópico de debate mais intenso no momento, que se tornou o centro de muitos acordos comerciais fechados por Trump durante sua viagem pela Ásia, é o de terras raras.

Trata-se de minerais indispensáveis para a produção tecnológica. A China produz cerca de 70% de toda a terra rara do mundo, e processa 90%, de acordo com dados do jornal britânico The Independent.

Em resposta às tarifas de Trump, Pequim apertou o controle de exportação desses importantes minerais, causando grande preocupação no setor tecnológico americano.

Trump ameaçou impor tarifas de até 100% sobre a China como retaliação, o que gerou o grande impasse econômico nesse setor.

Durante sua viagem pela Ásia, o presidente republicano veio negociando com diversos países a fim de conseguir fontes alternativas de terras raras, e conseguiu acordos relacionados a isso com a Malásia, a Tailândia e o Japão.

Mesmo assim, negociadores estão animados com os resultados das conversas preliminares.

Acredito que temos a estrutura necessária para que os dois líderes tenham uma reunião muito produtiva para ambas as partes”, disse Bessent no programa americano Meet The Press Sunday. “E acho que será fantástico para os cidadãos americanos, para os agricultores americanos e para o nosso país em geral.”

O jornal chinês Xinhua reporta: “As duas partes realizaram discussões construtivas sobre soluções para abordar adequadamente as preocupações de ambas as partes em relação a essas questões e chegaram a consensos básicos.”

Soja americana para a China

Além disso, outro tema importante que surgiu devido às guerras tarifárias é a compra chinesa de soja americana, que caiu após as tarifas de Trump, conforme a potência asiática buscou outras fontes do alimento, principalmente no Brasil e na Argentina.

Isso não só fez com que agricultores enfrentassem prejuízos por menor exportação e maiores custos de estoque, como pôs em risco o suporte de uma importante parte dos eleitores de Trump, que é composta por esses fazendeiros.

“A situação econômica agora está começando a dar sinais negativos mais concretos, e se isso continuar vai impactar com certeza as eleições de meio de mandato 2026 [...] se isso avança, Trump perderá mais cadeiras na câmara, e a situação dele vai ficar ainda mais complicada”, afirma Uehara, da ESPM.

Então, um acordo para a compra de soja americana por Pequim seria não só uma vitória econômica, como uma vitória política para Trump.

“E do lado da China, temos que pensar que a China não tem interesse nenhum em ter intenções ruins com os Estados Unidos ou com qualquer país,” diz Uehara. “Na minha avaliação, o interesse chinês é conseguir desenvolver, perseguir o que eles colocaram como meta, que é crescimento econômico, aumentar sua estatura internacional nacional e atingir seus objetivos.”

“Eles querem, de fato, aumentar essa estatura internacional, a tecnologia da China. E para isso, quanto menos tensões, menos conflitos tiver, mas isso vai contribuir para a conclusão deste objetivo chinês.”

Fentanil e a crise dos opióides

Por fim, outra pauta que ganhou tração nos debates entre os EUA e a China foi a exportação chinesa de químicos que podem produzir fentanil, um opioide relacionado a muitos casos mortais de overdose nos Estados Unidos.

Em troca de cortar pela metade as tarifas, que estão em 20% para produtos precursores do fentanil, oficiais chineses se comprometeram a tomar ações mais duras contra a exportação dos percursores que são processados para a manufatura da droga.

Essa redução abaixaria as tarifas médias enfrentadas pela China no mercado americano de 55% a 45%, de acordo com o Wall Street Journal, fazendo com que as taxas sejam mais próximas às enfrentadas por, por exemplo, Índia e Brasil a 50%, assim colocando a superpotência asiática em posição mais competitiva, abaixando o preço de seus produtos nos EUA.

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