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Quatro milhões de pessoas protestam pelo mundo contra mudanças climáticas

Protestos pedindo ações contra as mudanças climáticas aconteceram em diversos países do mundo, incluindo no Brasil

Greta Thunberg: manifestantes em Paris levaram uma pintura da ativista como a Virgem Maria, uma auréola ao redor de sua cabeça (Charles Platiau/Reuters)

Greta Thunberg: manifestantes em Paris levaram uma pintura da ativista como a Virgem Maria, uma auréola ao redor de sua cabeça (Charles Platiau/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 20h50.

Última atualização em 20 de setembro de 2019 às 20h51.

Milhões de jovens inundaram as ruas de cidades ao redor do mundo nesta sexta-feira para exigir que os líderes políticos adotem medidas urgentes para interromper as mudanças climáticas, unindo-se em um protesto mundial inspirado pela ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos.

Alarmados com as imagens das camadas de gelo da Groenlândia derretendo e as florestas da Amazônia em chamas, estudantes e trabalhadores abandonaram escolas, lojas e escritórios em quase todos os cantos do mundo, incluindo o Brasil, com o objetivo de impedir o que consideram uma catástrofe ambiental iminente.

Os protestos começaram nas ilhas do Pacífico, onde o aumento do nível do mar ameaça o modo de vida, e seguiram o nascer do sol na Austrália, Japão, sudeste da Ásia até Europa, África, Oriente Médio e Américas. A "greve" coordenada de estudantes culminou em Wall Street, em Nova York, onde alguns investidores adotaram a indústria de combustíveis fósseis.

Enormes multidões invadiram ruas de Manhattan, com gritos de "Salvem nosso planeta!", enquanto esperavam um discurso de Thunberg, que ganhou destaque depois de atravessar o Atlântico em um iate livre de emissões antes da cúpula climática da Organização das Nações Unidas, na próxima semana.

 

"Neste momento somos nós que estamos fazendo a diferença. Se ninguém mais agir, então o faremos", disse Thunberg a dezenas de milhares de manifestantes em Nova York, em um parque com vista para a Estátua da Liberdade.

Assim que ela subiu ao palanque, a multidão entoou seu nome, então seguiu em silêncio atento às suas palavras. Conforme ela fazia uma pausa entre as frases, as pessoas explodiam em aplausos.

"Exigimos um futuro seguro. Isso é realmente pedir demais?", acrescentou ela.

"Se você pertence a esse pequeno grupo de pessoas que se sente ameaçado por nós, temos más notícias para você. Porque este é apenas o começo. A mudança está chegando, gostem ou não", concluiu.

Manifestantes em Paris levaram uma pintura de Thunberg como a Virgem Maria, uma auréola ao redor de sua cabeça, dizendo: "Nossa casa está pegando fogo."

"Ela é como o ícone da nossa geração", afirmou Fiamma Cochrane, 17 anos, sobre Thunberg, destacando o papel de liderança dos jovens no grito internacional para reduzir o consumo de combustíveis fósseis.

Para Jane Willis, professora e dramaturga de 62 anos, os alunos ofereceram um raio de esperança, num momento em que a área de lazer de sua própria juventude, Lake Hopatcong, em New Jersey, está poluída por pesticidas.

"Meu coração está dividido em dois", disse Willis, observando a multidão. "Metade está quebrando, e metade parece realmente empolgado, sinto-me esperançosa."

Quatro milhões de pessoas participaram em todo o mundo, incluindo 300 mil em Nova York, disseram os organizadores do grupo 350.org que combate combustíveis fósseis. A Reuters não pôde verificar os números dos manifestantes.

Protestos no Brasil

A preocupação mundial aumentou desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abandonou o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas e tomou uma série de medidas para desmantelar as proteções ambientais, incluindo a adoção de medidas, na quinta-feira, para bloquear os padrões mais rigorosos de emissões de veículos na Califórnia.

Trump e o presidente Jair Bolsonaro estão entre os únicos líderes nacionais que questionam publicamente a ciência das mudanças climáticas, e não participam da cúpula climática da ONU na próxima semana.

Milhares de pessoas se reuniram em todo o Brasil tendo como um dos principais alvos Bolsonaro, que eles dizem estar permitindo a destruição da floresta amazônica para liberar espaço para plantação de soja e criação de gado. Em agosto, os incêndios na região atingiram o maior nível desde 2010.

"A política do governo Bolsonaro é a política de destruição ambiental e aprofundamento da crise climática... é por isso que estamos em greve", disse Marcela Pimentel Miranda, organizadora da filial do Youth for Climate em Brasília.

Um manifestante em São Paulo levantou uma foto de Bolsonaro e Trump sob o texto "Abolir fósseis tolos!"

Manifestantes na Tailândia invadiram o Ministério do Meio Ambiente e simularam a morte, enquanto ativistas em Berlim e Munique reencenaram o enforcamento, de pé em blocos de gelo derretendo com laços no pescoço, para simbolizar a morte que os espera quando as calotas polares derreterem.

Outros em Varsóvia realizaram uma performance de pessoas se afogando em um mar de lixo plástico.

"O planeta está ficando mais quente do que meu namorado imaginário", mostrava um cartaz de uma adolescente na Tailândia.

Placas "Faça amor, não CO2" foram vistas em Berlim e Viena.

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