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Quase um milhão e meio de civis vivem sitiados na Síria

A ajuda chegou com uma frequência irregular a várias zonas sitiadas, mas as ONGs afirmam que o acesso permanece insuficiente


	Destruição na Síria: um total de 486.700 pessoas vivem sitiadas na Síria, das quais mais da metade, cercadas pelo regime
 (Omar Haj Kadour/AFP)

Destruição na Síria: um total de 486.700 pessoas vivem sitiadas na Síria, das quais mais da metade, cercadas pelo regime (Omar Haj Kadour/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2016 às 16h22.

Em quase cinco anos de guerra na Síria, os cercos de transformaram em uma arma usada, principalmente, pelo regime, mas também pelos insurgentes e pela organização jihadista Estado Islâmico (EI).

Quantas pessoas estão sitiadas?

Um total de 486.700 pessoas vivem sitiadas na Síria, das quais mais da metade, cercadas pelo regime.

Além disso, 4,6 milhões moram em zonas "dificilmente acessíveis", segundo o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).

Quais são as regiões sitiadas?

Os cercos impostos pelo regime:

São registrados principalmente nos subúrbios da capital, Damasco.

As localidades mais afetadas são Duma, Erbin e Zamalka, na região de Ghuta oriental, assim como Muadamiyat al Sham, na Ghuta ocidental, todas controladas pelos rebeldes.

Nesta província há outras duas localidades sitiadas: Madaya e Zabadani, nas quais foram reportados casos de morte por fome.

Os militantes acusam o regime de Bashar al Assad de recorrer aos cercos para forçar os rebeldes a depor as armas.

Em alguns casos, os cercos foram suspensos ou aliviados totalmente durante as tréguas.

Por exemplo, a cidade de Muadamiyat al-Sham foi sitiada no começo de 2013, mas um ano depois, graças a uma trégua, as condições melhoraram.

Em janeiro, no entanto, a ONU voltou a qualificá-la como cidade sitiada, devido à falta de alimentos pelas novas restrições impostas pelo regime.

Os cercos impostos pelos rebeldes:

Os insurgentes usam a tática do cerco contra as localidades xiitas de Nebol e Zahra, na província de Aleppo (norte), e as de Fua e Kafraya, na de Idleb (noroeste).

Tentaram vincular a situação de Fua e Kafraya à de Zabadani e Madaya, exigindo que se a ajuda for entregue às localidades favoráveis ao regime se faça o mesmo com as rebeldes.

Os insurgentes islamitas, inclusive os do braço da Al-Qaeda na Síria, a Frente al Nosra, cercam desde 2014 a cidade de Afrin, na província de Aleppo, não conseguem arrebatar os curdos.

Os cercos impostos pelo EI:

O grupo jihadista sitia desde janeiro de 2015 a cidade de Deir Ezor, no leste da Síria, onde vivem mais de 200 mil pessoas.

A organização extremista controla a maioria da província de mesmo nome e cerca os bairros da cidade que continuam em mãos do exército.

Ao contrário dos rebeldes, o regime conseguiu entregar ajuda de aviões às regiões que controla, como Deir Ezor, Fua e Kafraya.

Aonde chegou a ajuda?

A ajuda chegou com uma frequência irregular a várias zonas sitiadas, mas as ONGs afirmam que o acesso permanece insuficiente.

Os comboios de caminhões carregados de alimentos, remédios e cobertores entraram em Madaya, Fua e Kafraya em várias ocasiões em janeiro.

Mas, segundo a organização Médicos sem Fronteiras, pelo menos 16 pessoas morreram em Madaya desde meados de janeiro, apesar desta ajuda.

O fornecimento de ajuda é um processo imprevisível, com anulações de comboios na última hora devido à retirada da autorização ou à retomada dos combates.

Devido a estes obstáculos, a ONU só pôde socorrer no ano passado menos de 10% dos civis em localidades "dificilmente acessíveis" e 1% dos assediados.

Como a comunidade internacional reage?

O Conselho de Segurança da ONU pediu em várias ocasiões um acesso humanitário sem condições na Síria e a suspensão de todos os cercos, sobretudo em sua resolução mais recente, a 2254.

A oposição síria exigiu que esta resolução se aplique antes de participar das negociações atuais organizadas pela ONU em Genebra.

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